Depois do sufoco na Vila, Bruninho ganha carinho e diz que nunca vai abandonar o Santos

Repentinamente, a vida de Bruno Nascimento, de 9 anos, mudou. Após viver minutos de pavor no meio da torcida do Santos, no clássico do último domingo, por ter pedido e ganhado a camisa do goleiro Jailson, do Palmeiras, o menino vive dias inesquecíveis.

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Em bate-papo com A Tribuna antes de assistir à partida da Seleção Brasileira com a Colômbia, ontem, na Neo Química Arena, Bruninho afirmou: “Ontem (quarta-feira), hoje (ontem) e sábado serão para sempre os dias mais felizes da minha vida”.

Na quarta-feira, Bruninho voltou à Vila para assistir à vitória do Santos sobre o Red Bull Bragantino, por 2 a 0. Ele visitou o vestiário, conversou com os jogadores do Santos e ganhou a camisa de Marinho. Ontem foi a vez de conhecer os jogadores da Seleção. E, amanhã, ele irá acompanhar o treinamento da equipe do técnico Tite na Academia de Futebol do Palmeiras.

“Vou poder conversar e tirar fotos com o Neymar”, disse o garoto, que tem se acostumado com a nova realidade. “Está tudo sendo novo. Tenho recebido o carinho das pessoas e está sendo tudo maravilhoso”, contou Bruninho, que, nas redes sociais, ganhou o apoio de Pelé, Neymar, Gabigol e uma série de clubes.

“Palavras feias”

Os momentos de felicidade têm ocorrido na vida de Bruninho dias depois de um curto instante de pavor nas arquibancadas da Vila Belmiro. Ao receber a camisa de Jailson, o garoto conta que teve medo de ser agredido junto com o pai pela torcida do clube que tanto ama.

“Tive muito medo naquela hora. As pessoas começaram a cuspir em mim e no meu pai, falaram coisas feias e pesadas para a gente. Na hora, não pensei em me desfazer da camisa que ganhei, mas depois quis devolver porque não queria mais ser xingado”, diz Bruninho.

Pai do garoto, Moisés Nascimento confessa que chegou a ter raiva da camisa de Jailson.

“Na segunda-feira, eu olhava para a camisa que ele tinha ganhado e sentia ódio. Fiquei com muito medo também. Avisei para o Bruno que iríamos cancelar o Sócio-Rei, porque já imaginava a torcida nos agredindo quando resolvêssemos ir em algum outro jogo. As pessoas cuspiram na gente e nem sabemos se elas estavam com covid-19. Gritavam para colocar fogo na camisa e para pegarem a gente. Fiquei desesperado”, relembra o pai, que mora com o garoto, a esposa e uma filha em Praia Grande.

“Na hora, a primeira coisa que pensei foi jogar a camisa de volta para o campo. Mas os seguranças e a Polícia Militar apareceram e em menos de um minuto nós saímos do estádio”, acrescenta.

Uma conversa com Bruninho, porém, fez Moisés mudar de ideia. “Ele também pensou em devolver a camisa. Mas, depois do vídeo, nós conversamos, e ele falou: 'Pai, não vou devolver a camisa. Eu ganhei e vou guardar'”. Depois disso, o vídeo viralizou.

Passado o susto, Bruninho tem vibrado com os presentes recebidos. Até a noite de ontem, ele já havia ganhado uma camisa do Marinho, outra do Red Bull Bragantino e duas da Seleção: uma do zagueiro Thiago Silva e outra do goleiro Weverton.

Carinho

Moisés conta que não tem dormido direito nos últimos dias, em razão dos convites, mensagens e entrevistas.

“Tem sido tudo uma loucura. Tenho recebido mensagens e ligações de muitas pessoas. Muitas crianças fazem chamadas de vídeo para o meu telefone pedindo para conversar com ele. Além de milhares de mensagens de apoio”, fala Moisés.

Bruninho, mesmo maravilhado com os recados de outros clubes que recebeu, já avisa: “Vou continuar sendo santista. Não é porque as pessoas me xingaram, e os outros times têm sido carinhosos, que vou mudar de time”.