Colegas do Santos se lembrarão de Dorval como um dos jogadores mais divertidos e festeiros

Irreverente, ele pregava peças e tinha sacadas espirituosas

Por: Heitor Ornelas  -  27/12/21  -  07:27
Atualizado em 27/12/21 - 13:38
Torcedores e colegas colecionam histórias 'folclóricas' de Dorval
Torcedores e colegas colecionam histórias 'folclóricas' de Dorval   Foto: Werther Santana/Estadão Conteúdo

Dorval decidiu a Taça Brasil de 1962 parando Zagallo e Nilton Santos e colecionou histórias folclóricas


Dorval era um jogador conhecido pela habilidade e pela rapidez. Mas, quando necessário, ele se sacrificava pelo Santos e funcionava como um jogador tático.


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Foi assim na final da Taça Brasil de 1962, contra o Botafogo, no Maracanã, disputada em 1963. Fernando Campos Ribeiro, membro da Associação dos Pesquisadores e Historiadores do Santos (Assophis), conta que a atuação consciente e coletiva do ex-atacante fez a diferença.


“Santos e Botafogo talvez fossem os principais times do mundo à época, pois o Brasil tinha acabado de ser campeão da Copa de 1962, com muitos jogadores das duas equipes”, recorda Fernando. “O Santos ganhou a primeira partida, e o Botafogo venceu a segunda sendo muito superior ao Santos. No terceiro jogo, o do desempate, que valia o título, o Lula conversou com o Dorval e fez uma mudança que surpreendeu. Ele recuou o Dorval para marcar o Zagallo. O time jogou em um 4-4-2. Mais recuado, o Dorval deixou o Nilton Santos perdido. O Dorval abriu o placar e o Santos venceu por 5 a 0 em uma atuação categórica. Ele foi eleito o melhor em campo. Foi o jogo mais marcante dele pelo Santos, embora tenha jogado bem em outras ocasiões também”.


Em uma época de jogadores geniais, Dorval se destacava pela velocidade, característica tão importante nos dias de hoje. “Ele era uma válvula de escape, pois era muito veloz. Dos cruzamentos dele surgiram muitos gols de Pelé, Coutinho e Pepe”, destaca Fernando.


Em 1964, Dorval foi comprado pelo Racing, que já estava de olho nele desde 1962, quando os argentinos, então campeões nacionais, foram goleados pelo Alvinegro por 8 a 3. Mas a passagem dele pelo Racing foi curta. Depois, Dorval ainda voltou para o Santos e, em 1967, se transferiu para o Palmeiras.


Folclórico
Pelos relatos da época, Dorval era um dos jogadores mais divertidos e festeiros do Santos. Irreverente, ele pregava peças e tinha sacadas espirituosas.


No livro José Macia, Pepe, Bombas de Alegria, o Canhão da Vila conta uma passagem engraçada com o amigo, que tinha o apelido de Macalé no elenco, em Paris, em 1961, durante uma excursão do Santos. “Certa noite de folga vimos o Dorval namorando uma francesa em um cabaré onde fomos descontrair um pouco. A noite estava pegando no breu e vimos os dois entrelaçados na boate, dançando de rostos colados. Em uma pausa da música, a gata pede licença ao Dorval para ir ao toalete, e sem que ele notasse se dirigiu ao WC masculino. Antes do seu retorno, o Calvet falou: ‘Macalé, você ainda não percebeu que está sendo enganado? Essa boneca que você está namorando e com quem dança de rosto colado é homem’. Dorval não perdeu a pose e respondeu: ‘Então estão elas por elas, pois eu também a enganei; ela pensa que eu sou o Pelé”.


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