Autor de biografia de Coutinho relembra experiência: 'No começo não foi fácil'
Jornalista e escritor Carlos Fernando Schinner foi uma das pessoas que conheceram de perto o ex-jogador do Santos, que morreu na noite desta segunda-feira (11)
Autor da biografia “Coutinho, o gênio da área”, o jornalista e escritor Carlos Fernando Schinner foi uma das pessoas que conheceram de perto o ex-jogador do Santos.
Além de se aprofundar na história de Coutinho por meio dos acervos do jornal A Tribuna, episódios contados pelo historiador Guilherme Guache e relatos do próprio ex-jogador, Schinner era vizinho do maior camisa 9 da história do Peixe.
Isso, no entanto, não facilitou em nada o desejo do jornalista de eternizar a história de Coutinho em livro. Arredio a jornalistas, o ex-atleta recusou diversos pedidos de para escrever a sua biografia.
“Nós morávamos na Rua Alvorada, que é uma travessa da Vahia de Abreu, no Boqueirão, em Santos, e eu tinha muito contato com a Rosângela, filha dele. E foi ela quem fez a ponte para convencê-lo. Mas o começo não foi fácil. Ele não gostava da imprensa e falava bem pouco. Era difícil arrancar as histórias dele. Foi assim nos três primeiros encontros”, relembra Schinner.
“Aos poucos, no entanto, ele foi se soltando de maneira sensacional, a ponto de ir até a minha casa para conversarmos sobre a vida dele”, recorda.
Uma das histórias mais marcantes reveladas por Coutinho na sua biografia, na visão do escritor, foi o dia em que João Saldanha, técnico que preparava a Seleção Brasileira para a Copa do Mundo de 1970, apareceu em Santos para convencê-lo a ir ao Mundial disputado no México, onde o Brasil conquistou o tricampeonato.
“Ele já estava no fim de carreira, jogando bola da rua. O João Saldanha, que depois foi substituído por Zagallo, estava preocupado com o problema de visão do Tostão e foi atrás do Coutinho em Santos. O Coutinho contava que avistou um homem de terno se aproximando e reconheceu o João Saldanha. 'Professor, o que o senhor está fazendo aqui?', perguntou. O Saldanha, então, respondeu: 'Vim te levar para a Copa do Mundo'. Surpreso, Coutinho disse que não tinha condições, pois estava gordo. Saldanha tentou fazê-lo mudar de ideia a todo custo, mas não conseguiu. Fã do camisa 9 do Santos, o treinador da Seleção pediu uma indicação de centroavante, e Coutinho sugeriu o nome de Dirceu Lopes, do Cruzeiro”, detalhou o jornalista. Dirceu, contudo, não foi para o Mundial.
Bastante abalado com a morte do ex-jogador, Schinner não teve tempo de se despedir do amigo que conquistou. A última vez que conversaram foi há cerca de um ano em um programa de TV, em São Paulo. Recentemente, quando Coutinho esteve internado na Santa Casa de Santos, o escritor esteve no hospital, mas não conseguiu encontrá-lo, pois Coutinho estava na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).