Surfe inclusivo contribui para a saúde dos deficientes em Guarujá
Projeto 'Surf Special', na praia das Astúrias, realiza gratuitamente aulas de surfe adaptado para pessoas com deficiência física ou intelectual
“Meu filho não gostava de praticar esporte. Hoje, ele ama o surfe e está muito mais motivado. É outra criança!”. O relato é da professora e doceira Eloisa dos Santos Ferreira, mãe de André Carlos, 11 anos. Ele é autista e desde o começo do ano passado frequenta as aulas no Projeto 'Surf Special' (Surfe Especial), que funciona no Canto das Galhetas, na Praia das Astúrias, em Guarujá.
A iniciativa é beneficiada pela prefeitura de Guarujá, através do Programa de Incentivo Fiscal de Apoio ao Esporte (Promifae), da Secretaria Municipal de Esportes e Lazer. O projeto realiza, gratuitamente, atividades e aulas de surfe adaptado para pessoas com deficiência física, múltipla, visual, auditiva ou intelectual.
E o esporte tem feito a diferença na família da Eloisa. O filho André apresentava grandes dificuldades em aceitar regras em casa. “Tinha problemas em acordar cedo, mas graças ao Surf Special – que conhecemos através da escola, ele melhorou bastante e levanta com mais facilidade. Vejo uma criança mais motivada com avanços na sua coordenação motora e também no desenvolvimento psicológico”.
O Surf Special (Surfe Especial) começou a funcionar em Guarujá em 2019 e, de acordo com a prefeitura, chega a atender mais de 300 pessoas por semestre. Dispõe de pranchas adaptadas e comuns, além de outros equipamentos, para garantir o conforto e a segurança da prática do esporte, de acordo com o tipo de necessidade do aluno.
Atualmente atende um total de 35 alunos no Canto das Galhetas. São pessoas com síndrome de down, autismo, deficiência visual, paralisia cerebral, tetraplegia e aneurisma cerebral, entre outros diagnósticos. O Surf Special tem ainda, aproximadamente, dez instrutores, todos voluntários.
“Acreditamos na possibilidade de transformação através do surfe. A oportunidade de levá-los para o mar, ensinar o que sabemos, aprender com eles e acompanhar os benefícios e melhoras de cada um é muito gratificante”, declara a fundadora e coordenadora do Projeto, Iara Assis Stella. Educadora física e guarda-vidas, ela é surfista há 15 anos, sendo dez deles dedicados às competições.
Os praticantes são divididos em grupos, cujas aulas acontecem sempre às quartas-feiras, em três horários: 8 às 9 horas; 9 às 10 horas; e das 10 às 11 horas. Para participar, o interessado deve apresentar laudo médico para a prática de esportes na água.
Além da mãe, Cláudia Assis, que atua como assessora pedagógica do Projeto, Iara conta com o suporte de vários profissionais como: assessoria esportiva, educadores físicos, instrutores de surf, assistente social, técnico de equipamentos adaptados, shapper de pranchas, contador e fotógrafo, entre outros colaboradores.
Um deles é o fisioterapeuta voluntário Eduardo Nogueira. Ele chegou ao Projeto por meio de um paciente. “O trabalho aqui tem um estímulo diferenciado aos pacientes, pois o ambiente (praia, sol, mar) promove ainda uma interação social entre os grupos por meio da inclusão”.
Serviço
O Surf Special é realizado pelo Instituto Ohana Hui, em parceria com a Escola de Surfe Neno Matos e com o patrocínio da empresa Blue Med, e neste ano subsidiado pela City – Transporte Urbano, concessionária do transporte público municipal na Cidade. Informações: (13) 9-9637-7564.