Rede municipal de Guarujá tem estrutura e atende volume, mas pais questionam ensino
Cidade concentra 60 unidades que funcionam como creches, Educação Infantil e Ensino Fundamental
A dona de casa Sueli Lima Rocha, 46, participa ativamente da educação da filha Sabrina, de 10 anos. Mesmo durante a pandemia, ela manteve contato com a professora da pequena e fez todo o possível para dar continuidade no aprendizado remoto.
Matriculada na Escola Municipal Doutor Oswaldo Cruz, em Vicente de Carvalho, Sabrina deveria estar cursando o 5º ano do Ensino Fundamental, último até trocar de colégio e avançar para outro ritmo, com troca de professores e cronograma mais completo. Mas, considerando este um ano atípico, a mãe não acredita que o ciclo inicial de sua filha tenha sido concluído.
“A professora é querida e dá atenção a eles. Cuidava sozinha de uma sala com 25 crianças. Isso não é fácil”, ri. “Mas [para melhor o ensino] não depende só dela”.
O questionamento de Sueli é a respeito da falta de tarefas para casa. Antes mesmo da pandemia, Sabrina já não trazia nenhum material complementar. “Parece que é norma do município, porque muitas crianças não conseguiam fazer e os pais não ajudavam. Para não ficar metade da sala estudando em casa a outra metade sem apoio, eles tiraram de vez”.
A mãe é contra a medida e compara com a educação de ‘antigamente’. “Era muito mais forte. Quase nem existia escola particular. A molecada toda estudava na pública e tinha o ensino ótimo. Trazia tarefa para casa. Agora fica assim meio largado”.
Este ano, com o agravante da quarentena, não houve qualquer manifestação de melhora no ensino municipal de Guarujá. “A gente ainda fala com a professora, mas é provável que 2020 tenha sido perdido na educação da minha filha”.
Rede municipal
Somando em creches, pré-escolas e unidades de Ensino Fundamental, Guarujá atualmente possui 60 postos de ensino. Segundo a Prefeitura, o número de matrículas este ano foi de 29,5 mil.
Há outras 3,9 mil crianças em creches e pré-escolas conveniadas com o município e 668 jovens em um colégio de ensino profissionalizante.
Considerando a estimativa de 2018 pelo IBGE de 52,4 mil crianças e adolescentes nos ensinos Fundamental e Médio nas escolas públicas e particulares em Guarujá, a parcela de estudantes na rede municipal é de mais da metade.
Para Sueli, que frequentava a Doutor Oswaldo Cruz em reuniões e eventos, a infraestrutura é boa e até a dinâmica entre alunos e professores. O que falta mesmo é reforçar o currículo. “Tem que exigir mais deles e oferecer mais ferramentas. Aí acontece uma situação dessa, de estudar em casa, e ninguém estava preparado”, finaliza.