Com maior extensão territorial, Itanhaém sofre para gerir ordem e segurança pública
Baixo orçamento da Guarda Municipal e e efetivo policial defasado, população sente falta de atuação
Maior cidade da Baixada Santista em área territorial, Itanhaém distribui seus 103,1 mil habitantes em com 601,711 quilômetros quadrados, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Comparando o total populacional com o tamanho oficial do município, é possível estimar para 2020 uma densidade demográfica de 171,3 pessoas por quilômetro quadrado. Isso significa que a concentração de moradores é baixa, comparada a outras cidades da região, como Santos, onde a densidade demográfica gira em torno de 1.543 pessoas por quilômetro quadrado, ainda segundo estimativa do IBGE.
Estes cálculos são fundamentais para entender diversas questões da cidade, a exemplo dos problemas na segurança pública, grande queixa da população.
Perturbação pública
Em termos de Guarda Civil Municipal, o município conta atualmente com 60 agentes para percorrer todo o território, muitas vezes de maneira insuficiente, conforme relatado por moradores. “No meu bairro, Laranjeiras, é impossível conseguir presença da Guarda Municipal”, afirma a estudante Giovana Pupo, 22 anos. “É um local mais simples, de casas menos luxuosas, por isso não recebe devida atenção. Não tem ninguém pra fiscalizar o trânsito, ou comércios irregulares, até desmanche de carro é comum, mas a gente nunca vê a GCM intervindo”.
A jovem conta que, mesmo em pandemia, o proprietário de uma casa vizinha aluga o local para festas aos fins de semana. E as madrugadas são regadas a gritaria e música alta, impossibilitando o sono de todos. “Faz um mês que todo fim de semana é assim. Pior que eu moro com a minha avó, já de idade avançada, e ninguém consegue dormir. Tenho bichos em casa e a audição deles é sensível, ficam totalmente incomodados. Uma vez, eu e minha mãe nos revezamos em mais de um número de telefone – das onze da noite até as seis da manhã – solicitando atuação da Guarda aqui, exigindo cumprimento da Lei do Silêncio, mas nem apareceram”.
Para a jovem, nem na temporada de verão, onde normalmente o número de agentes nas ruas é reforçado, há solução para a displicência do Poder Público. “Minha rua é na entrada da cidade, saindo da pista (estrada). Nem guarda para organizar o trânsito a gente consegue nesse período. Fica tudo congestionado”.
Falta Polícia Militar
Do lado da orla, a administradora de empresas Ana Paula Soares, do Cibratel I, já teve a casa assaltada duas vezes. Localizada próxima ao Morro do Paranambuco, a residência foi invadida por homens armados que a fizeram de refém junto com a família. “Não tem policiamento algum, não
tem ronda. O perfil é muito de veraneio aqui e fica tudo abandonado. À noite você não pode passear com a família, porque corre o risco de ser abordado”.
A moradora aponta também a necessidade de uma central do telefone de emergência (190) na cidade, já que todas as queixas são registradas em Santos, que redireciona a demanda para uma viatura mais próxima do local. “Isso não funciona, porque perde-se muito tempo. Até chegarem aqui para atender nossa ocorrência, já não tem mais o que fazer”.
O que responde a Prefeitura
A Prefeitura afirma que vem desencadeando uma série de ações para garantir segurança aos munícipes, como a implantação de 122 câmeras de monitoramento distribuídas em bairros onde existe maior concentração de movimento no Município.
Além disso, 14 câmeras de monitoramento inteligente do modelo OCR (que realizam a leitura de placas de automotores e identificam veículos roubados), estão instaladas nos principais pontos da Cidade, em parceria com o Programa Detecta da Polícia Militar.