Cientistas acreditam em educação política desde cedo para a formação cidadã

Conceitos básicos, como democracia e separação de poderes devem ser ensinados já na infância, afirmam especialistas

Por: Isabel Franson  -  14/10/20  -  12:40
Eleição municipal é ocasião para 'aprender' sobre vida pública no País
Eleição municipal é ocasião para 'aprender' sobre vida pública no País   Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

Por tratar-se de um menor ‘universo’, em comparação a Estado e País, as eleições municipais são uma ótima oportunidade para introduzir os primeiros conceitos de política com as crianças, afirmam especialistas.


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“Política está em tudo que fazemos, não só nas pessoas que escolhem como carreira mas, muito mais próximo da nossa realidade, as decisões que tomamos em família sobre o que vamos almoçar, quem vai para o banho primeiro, qual presente comprar no Dia das Mães”, explica o cientista político Ademar Martins.


Para Martins, as noções de direitos e deveres, divisão de responsabilidades e respeito ao espaço do próximo estão entranhadas já nas pequenas convivências e, antes mesmo da escola, já podem ser trabalhadas em casa. “Quando somos pequenos, temos nossa mãe à disposição para tudo. Somos únicos ali. Nossa casa é quase que nosso ‘reinado’. Já na casa da vó, é diferente. Perdemos nossa exclusividade, temos outras crianças, primos, e uma só avó. Aprendemos a aguardar nossa vez de receber atenção ou ter acesso àquele brinquedo específico. Isso é saudável para criar adultos conscientes”.


O especialista desta, ainda, a importância de esclarecer o que é ‘coletividade’ e nossos deveres para com isso. “Temos o péssimo hábito, aquela coisa da malandragem, de ‘o que é público, não é de ninguém’. A praça não é minha, a praia não é minha. Eu não tenho obrigação de recolher o lixo, não tenho obrigação de me importar com a natureza. É aquela ideia abstrata de que ‘o Governo’ vai resolver, a tecnologia vai resolver. Isso não pode mais ser aceito”.


Nas escolas


Ativo na Educação, o cientista Fernando Chagas defende um ensino político nas escolas de forma isenta, apartidária. “Claro que é sempre muito difícil a gente não transmitir nossos valores, o que acreditamos. Mas, tentando colocar-se o menos possível. Só explicando a diferença dos poderes, o porquê de serem três – Executivo, Legislativo e Judiciário –, o papel que tem um para com o outro, o que é democracia, república, Estado laico”.


Em conjunto aos estudos conceituais, Chagas reforça também a necessidade de educação financeira, fundamental para motivos pessoais e de compreensão da sociedade. “Até para fiscalizar, votar de maneira mais consciente... Saber o que é inflação, corrupção... Cidadãos mais preparados com educação financeira


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