Cientistas acreditam em educação política desde cedo para a formação cidadã
Conceitos básicos, como democracia e separação de poderes devem ser ensinados já na infância, afirmam especialistas
Por tratar-se de um menor ‘universo’, em comparação a Estado e País, as eleições municipais são uma ótima oportunidade para introduzir os primeiros conceitos de política com as crianças, afirmam especialistas.
“Política está em tudo que fazemos, não só nas pessoas que escolhem como carreira mas, muito mais próximo da nossa realidade, as decisões que tomamos em família sobre o que vamos almoçar, quem vai para o banho primeiro, qual presente comprar no Dia das Mães”, explica o cientista político Ademar Martins.
Para Martins, as noções de direitos e deveres, divisão de responsabilidades e respeito ao espaço do próximo estão entranhadas já nas pequenas convivências e, antes mesmo da escola, já podem ser trabalhadas em casa. “Quando somos pequenos, temos nossa mãe à disposição para tudo. Somos únicos ali. Nossa casa é quase que nosso ‘reinado’. Já na casa da vó, é diferente. Perdemos nossa exclusividade, temos outras crianças, primos, e uma só avó. Aprendemos a aguardar nossa vez de receber atenção ou ter acesso àquele brinquedo específico. Isso é saudável para criar adultos conscientes”.
O especialista desta, ainda, a importância de esclarecer o que é ‘coletividade’ e nossos deveres para com isso. “Temos o péssimo hábito, aquela coisa da malandragem, de ‘o que é público, não é de ninguém’. A praça não é minha, a praia não é minha. Eu não tenho obrigação de recolher o lixo, não tenho obrigação de me importar com a natureza. É aquela ideia abstrata de que ‘o Governo’ vai resolver, a tecnologia vai resolver. Isso não pode mais ser aceito”.
Nas escolas
Ativo na Educação, o cientista Fernando Chagas defende um ensino político nas escolas de forma isenta, apartidária. “Claro que é sempre muito difícil a gente não transmitir nossos valores, o que acreditamos. Mas, tentando colocar-se o menos possível. Só explicando a diferença dos poderes, o porquê de serem três – Executivo, Legislativo e Judiciário –, o papel que tem um para com o outro, o que é democracia, república, Estado laico”.
Em conjunto aos estudos conceituais, Chagas reforça também a necessidade de educação financeira, fundamental para motivos pessoais e de compreensão da sociedade. “Até para fiscalizar, votar de maneira mais consciente... Saber o que é inflação, corrupção... Cidadãos mais preparados com educação financeira