Soja espalhada em trilhos de São Vicente gera transtornos: "Ratazanas", "medo doenças" e "ameaças"

Na noite da última terça-feira (19) houve um derramamento da carga na Área Continental

Por: Ágata Luz  -  20/04/22  -  18:37
Soja tem atraído diversos animais a casas de moradores locais
Soja tem atraído diversos animais a casas de moradores locais   Foto: Edson de Souza/Arquivo pessoal

Um derramamento de soja na linha férrea de São Vicente tem causado transtornos desde a noite da última terça-feira (19) a moradores do Sítio Acaraú, na Área Continental. A carga que caiu de um trem que passava pelo trecho tem gerado forte odor e, segundo moradores, atraído animais, como ratazanas.


Imagens obtidas por A Tribuna mostram os grãos espalhados pela ferrovia administrada pela Rumo. O aposentado Edson de Souza, de 57 anos, relatou à Reportagem que a situação se tornou frequente na região. Para ele, trata-se de "furto ou vandalismo" nas cargas. No entanto, os moradores não sabem quem são os responsáveis pelos crimes.


Edson diz que a situação causa sensação de insegurança por diversos motivos. "Ontem (terça) eu matei um rato enorme. São ratazanas gigantescas que ficam andando até quando está de dia. A gente tem criança, temos que ficar lavando e jogando cloro. Temos medo de doenças", enfatiza.


O aposentado ainda explica que, quando os moradores vão limpar a soja que alcançam os portões das residências, sofrem represálias e até ameaças de morte de seguranças da empresa que administra a ferrovia.

"Eles vêm com truculência alegando que são policiais, mas não apresentam credencial. Eles falam que a gente é conivente com aquilo, mas somos trabalhadores e cidadãos de bem".


De acordo com Edson, os seguranças ficam armados. "E como é área rural, à noite é tudo escuro e a gente tem medo de represália", explica, dizendo que a população insiste em limpar o local da mesma forma, pois o mau cheiro é intenso e chega a prejudicar o estudo de crianças.


"O odor é tão forte que impregna a roupa das crianças que vão para o colégio. Teve criança voltando da escola porque um coleguinha falou que ela estava fedendo", desabafa.


Em nota, aRumo confirmou o derramamento de carga de uma composição por volta das 22h de terça-feira. "As causas ainda estão sendo apuradas. A empresa acionou imediatamente uma equipe que está realizando a retirada da carga e limpeza do local", diz a nota.


Em relação às denúncias sobre os profissionais da segurança, a empresa informou que "irá apurá-las internamente". Além disso, explicou que a companhia mantém equipes de vigilância para fiscalizar a área.

"É importante esclarecer que estes funcionários não têm poder de polícia. A Rumo acrescenta que tem um canal aberto para que a comunidade possa auxiliar e denunciar qualquer situação por meio do telefone 0800-701-2255".


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