Professores recebem pintura indígena em São Vicente

Programação da Semana do Meio Ambiente movimentou o Instituto Histórico e Geográfico

Por: Anderson Firmino  -  02/06/22  -  18:23
Atualizado em 02/06/22 - 23:14
Professores foram pintados pelos índios guarani, da aldeia Paranapuã
Professores foram pintados pelos índios guarani, da aldeia Paranapuã   Foto: Alexsander Ferraz/AT

A cor vermelha da tinta para pintura, feita de urucum, é sinônimo de resistência. Pois a existência indígena e o contato com uma cultura ancestral do País foi o mote do primeiro dia da Semana do Meio Ambiente em São Vicente, nesta quarta (1º). A programação vai até sexta-feira (3), com diversas atividades.


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Um grupo de professores teve um dia especial na sede do Instituto Histórico e Geográfico local, a Casa do Barão. Acostumadas a passar conhecimento para os alunos, eles puderam fazer uma imersão nos costumes, história e tradição da tribo guarani, em contato direto com habitantes da aldeia Paranapuã. É a chance de entender a história com quem faz parte dela.


“O objetivo é tentar ter uma concepção diferente deles, quem é esse povo, qual a importância na nossa cultura e na forma de se relacionar com a natureza. É algo que tem uma enorme importância, não só para as crianças, mas para todos nós. Estamos precisando fazer essa reconexão”, afirma a coordenadora do Núcleo de Educação Ambiental da Seduc de São Vicente, Vandilma Galindo.


Ela conta que a temática escolhida é “Pertencimento e Responsabilidade Compartilhada” e a experiência obtida nos diversos encontros ao longo da semana vai influenciar no conteúdo ofertado aos alunos da Rede Pública.


“A gente foi buscar a essência da Educação Ambiental: trabalhar dentro de um contexto que valorize o resgate da história, da cultura, a parte ambiental e social. E, para que isso chegue aos nosso alunos, tem que começar pelo professor”, resume.


Pintura e significado

Aos poucos, alguns professores receberam pinturas indígenas, feitas pelo cacique guarani Wé Rá Mirim. No rosto e nos braços, as marcas de uma tribo que tem quase 100 pessoas, muitos entre 10 e 15 anos. Serão eles os guardiães das tradições indígenas.


Além do vermelho, o preto - mistura do resultado da extração do jenipapo com carvão - tem forte simbolismo próprio: o luto eterno pelos povos dizimados.


“Tentamos mostrar um pouco da nossa vida e levar o amor que a gente tem pela natureza”, diz o cacique. “Para nós, é importante, por poder mostrar nossa cultura e as pessoas conheçam o nosso trabalho. A gente vende para que tenham um pouco de nós para eles e lembrem que não estamos só na história. A gente existe e resiste com nossa cultura”, complementa a artesã Fátima Macena.


Fotografia

Entre as atividades desta quarta, o professores puderam conhecer a antotipia, um processo fotográfico que envolve a utilização de pigmentos vegetais com material fotossensível e que permite a produção de imagens fotográficas.


“Não conhecia essa técnica. Surpreendeu porque é simples e vai estimular a criatividade da criança. Dessa forma, você dissemina a cultura e elas saem um pouco do videogame e do streaming com atividades práticas”, conta Ricardo Paiva, professor da UME Jacob Andrade Câmera, na Cidade Náutica.


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