Kayo Amado diz que 2022 será o ano da segurança pública em São Vicente

Prefeito comenta sobre as dificuldades encontradas ao longo deste ano e planos para segurança e saúde do município

Por: Sandro Thadeu  -  27/12/21  -  17:24
“Fechamos um curso com o Centro Lemann para formar nossos diretores, que vão passar por uma grande formação, com uma imersão em Sobral”, diz Kayo Amado
“Fechamos um curso com o Centro Lemann para formar nossos diretores, que vão passar por uma grande formação, com uma imersão em Sobral”, diz Kayo Amado   Foto: Reprodução/Redes Sociais

O prefeito de São Vicente, Kayo Amado (Podemos), afirmou que 2022 será o ano da segurança pública e promete anunciar um grande plano para o setor, em janeiro. O chefe do Executivo relembrou as dificuldades encontradas ao longo deste ano e garantiu que o Município agora “terá um hospital de verdade” até o final do ano. Confira os principais trechos da entrevista.


Como o senhor avalia esse primeiro ano de mandato, após se preparar dez anos para exercer esse cargo?

Eu diria que o balanço do primeiro ano pode ser definido como ‘da terra arrasada aos primeiros frutos’. A gente pegou aqui um cenário crítico em termos de dívidas, de enfrentamento à pandemia de covid-19 e de contratos confusos. Foram momentos de tensão por terem usado todo o dinheiro em caixa no dia 30 de dezembro do ano passado e deixado a gente sem a folha do servidor paga, além de R$ 235 milhões em restos a pagar. Pegamos um cenário de bastante turbulência e terra arrasada. Fizemos um preparo de solo, o transformamos em terra fértil, semeamos e começamos a colher alguns dos primeiros frutos, mas ainda há muito o que semear. A gente saiu de um caos nos primeiros meses e, aos poucos, começou a dar a cara ao nosso governo. Já fizemos algumas entregas neste ano e outras serão feitas a partir de 2022.


Desses obstáculos iniciais, qual foi o mais desafiador?

Você pegar uma prefeitura endividada é um desafio, enfrentar a maior crise sanitária dos últimos 100 anos é um desafio, mas pegar essas duas coisas ao mesmo tempo representou um desafio ainda maior. Estávamos no início de mandato, quando você ainda tem uma transição para fazer e começar a dominar os processos. Nosso maior desafio foi buscar o equilíbrio para deixar a Prefeitura de pé, mesmo nesse cenário. Um ano depois, conseguimos deixar São Vicente de pé e fazer entregas muito substanciais, como asfaltar 41 ruas da Cidade onde o povo só botava o pé na lama para sair de casa. Cito ainda iluminação para locais que estavam às escuras. Melhoramos a qualidade da iluminação em várias vias, como as avenidas Quarentenário, Pérsio de Queirós Filho e Angelina Pretti e a Rua Frei Gaspar, fazendo a diferença na vida das pessoas, inclusive na parte da segurança. O desenvolvimento está cruzando a Ponte (dos Barreiros, que faz a ligação entre as áreas Insular e Continental).


E quais entregas o senhor gostaria de destacar?

Com recursos escassos e muitas dívidas, sobra pouco para investir na Cidade. Nosso maior desafio é manter a Cidade de pé sem que o nome dela entre no vermelho, como já ocorreu no passado. Do jeito que deixaram o Município, São Vicente estava à beira de entrar em colapso. Conseguimos assegurar a entrega de cestas básicas durante a pandemia. Isso demorou para sair, porque não tinha nem licitação aberta. Estruturamos o departamento de manutenção escolar. Fizemos o trabalho de limpeza dos canais de forma organizada para enfrentar as enchentes. A gente entregou seis novas viaturas para a GCM (Guarda Civil Municipal), do tipo Duster, como nunca ocorreu. Isso sem contar o aumento em quase três vezes do número de leitos de covid-19 em quase três meses, no pico da pandemia, e a campanha de vacinação, que foi extraordinária. Agora, temos o carro da vacina para fazer a busca ativa das pessoas.


O senhor encaminhou uma proposta de reforma administrativa e houve uma polêmica sobre a extinção da Secretaria de Cultura. Essa ideia será revista?

É importante esclarecer que não houve extinção da secretaria. Na verdade, houve uma fusão de forças em uma pasta que se chama Secretaria de Cultura, Esporte e Cidadania. Há pessoas que acreditam que a setorização é vital para a política pública, mas após um ano aqui dentro, vivendo na prática, meu entendimento é que a Cidade, com tantas carências, tinha a oportunidade de otimizar melhor, integrando a Cultura, o Esporte e o conceito de cidadania, que não existia na Cidade de forma estruturada. Com essa integração, poderemos levar mais cursos e oficinas para equipamentos esportivos. O orçamento do Esporte era maior do que a Cultura, mas eles estão preservados dentro do programa de cada área. Essas áreas em conjunto podem render frutos melhores para o cidadão. Sobre a reforma administrativa, eu gostaria de destacar uma secretaria chave nesse processo de virada da Cidade, que é a de Defesa e Ordem Social, que vai unificar as forças de segurança e de fiscalização, reunindo a força da GCM, Trânsito, Defesa Civil e fiscais de postura municipais, além da força-tarefa que reúne uma série de instituições. No aniversário da Cidade, vou anunciar um grande plano de segurança pública para São Vicente, 2022 vai ser o ano da segurança pública e haverá grande fortalecimento do setor. Além do monitoramento, vamos fazer um trabalho de estruturação da GCM. Será um projeto pioneiro na Baixada Santista.


No final do ano passado, o senhor havia dito que um dos desafios seria cativar o servidor público em meio a essas dificuldades financeiras. Como esse trabalho foi feito ao longo deste ano?

Esse é um desafio diário. Investir no profissional é difícil, mas é um desafio que temos de enfrentar. Motivar o profissional vai além dos recursos, principalmente quando temos algumas carreiras que têm os salários mais baixos da Baixada Santista. Infelizmente, o cenário de São Vicente precisa de tempo para se recuperar. Hoje, enxergamos uma luz no fim do túnel. Estamos nos esforçando para que os secretários olhem para dentro da administração e encontrem bons profissionais, que querem fazer a diferença. O enfrentamento da pandemia só foi possível por causa de servidores incríveis e com muita experiência em campanhas de vacinação. A gente buscou ouvir muito os servidores antes de tomar decisões. Na Educação, acabamos de fechar um curso com o Centro Lemann para formar todos os nossos diretores, que vão passar por uma grande formação, inclusive com uma imersão em Sobral (CE), que é a capital da Educação do País. São Vicente foi um dos 57 municípios selecionados para essa capacitação. Vamos entregar para os professores da rede municipal um notebook para que possam desempenhar suas atividades e preparar as aulas.


A Prefeitura pretende lançar algum concurso público no próximo ano?

Existem alguns estudos em andamento para algumas carreiras, como fiscal de posturas municipais, que ainda não existem na Cidade. Essa é uma carreira fundamental para a gente poder organizar a parte das posturas e do comércio do Município. O fortalecimento da GCM passa por novos profissionais. Vamos estudar outras carreiras que estão com defasagem de recursos humanos. Posso te adiantar que parte do nosso plano de segurança passa pelo aumento do número de GCMs.


O que a população já vai perceber de diferente com as mudanças na área da Saúde?

Estamos falando de um grande plano para a reorganização da Saúde e é um grande plano, porque dá um marco para onde a gente vai. São Vicente terá um hospital de verdade e isso para mim é fundamental. Quando assumi a Prefeitura, eu não poderia aceitar ver como estavam as estruturas do Crei (atual Hospital Municipal). A gente quer se preocupar com a qualidade dos serviços, com mais equipamentos e insumos, mas descobriu que há dez anos o telhado do local vinha sendo remendado. De repente, vem uma chuva forte, o telhado cai e a batata quente sobra na nossa mão. A Secretaria de Saúde parecia uma secretaria de zeladoria por causa de tanto pepino que ela tinha de administrar em termos de problemas estruturais nos prédios. Na Linha Vermelha, teremos um grande hospital com mais de 100 leitos, o dobro do que é ofertado hoje pelo Crei, o que habilita a Cidade a receber mais recursos federais para custear a estrutura. Vamos ter quase o triplo de leitos de UTI. A gente já vai ver essas mudanças no início. Estamos fazendo os preparativos finais e algumas adequações para levar ainda este mês os pacientes internados no Crei para o novo hospital. A gente vai ter também a inauguração do Pronto-Socorro do Rio Branco, em janeiro. O Hospital Dr. Olavo Horneaux De Moura, no Humaitá, vai passar de 20 para 40 leitos. Queremos levar mais serviço e resolutividade para perto das pessoas e isso vai acontecer no ano que vem. Queremos entregar o hospital em 2022 e o PS Central em um novo imóvel.


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