Interdição da Ponte dos Barreiros preocupa comerciantes de São Vicente

Interrupção do tráfego afeta entrega de produtos na Área Continental e o movimento em lojas do Centro da cidade

Por: Júnior Batista & Da Redação &  -  10/12/19  -  22:41
Desde o dia 30 de novembro, apenas pedestres e ciclistas podem cruzar os 600m da Ponte dos Barreiros
Desde o dia 30 de novembro, apenas pedestres e ciclistas podem cruzar os 600m da Ponte dos Barreiros   Foto: Vanessa Rodrigues/ AT

O fechamento da Ponte dos Barreiros, em São Vicente, desde o último dia 30, já afeta o comércio nas áreas Continental e Insular. Entregas em atraso e queda no movimento lideram as queixas nos dois lados da cidade. Há o temor de vendedores e donos de lojas de que a interdição prejudique até as compras de Natal.


E, embora a interdição ainda não afete o preço final ao consumidor, se houver problemas envolvendo a entrega de produtos, eles podem se tornar escassos.


“Eu tive duas entregas de grandes fornecedores que não foram feitas ainda. A nota chegou na semana passada, mas os produtos ainda não”, explicouValtemirRocha, de 44 anos, encarregado de um mercado na Avenida Deputado Ulysses Guimarães, no Jardim Rio Branco, um dos principais bairros da Área Continental vicentina.


Ele disse que as fornecedoras justificaram a nova distância que precisam percorrer para chegar ao local como a causa dos atrasos. “Elas possuem itinerários e eu até entendo isso. Mas prejudica”, conta ele.


Os consumidores já fazem perguntas sobre a situação e também temem possíveis aumentos nos preços. Ele diz que ainda não houve alteração, mas não consegue garantir até quando, porque a incerteza quanto à reabertura da ponte é grande.


No mesmo bairro, um chaveiro que preferiu não se identificar e possui uma loja há quatro anos e meio também desabafa. “Estou com entregas atrasadas. Na semana passada não chegou tudo que pedi. Não sei até quando essa situação ficará assim”.


Uma rede de lanchonetes na mesma avenida, no entanto, viu seu movimento no período da manhã crescer. “Como os ônibus demoram muito desde que a ponte fechou, os passageiros agora param mais para comer e o movimento pé maior”, disse uma funcionária que trabalha na rede há um ano e meio.


Sem movimento


No Centro vicentino, comerciantes e varejistas sentem a queda no movimento. Uma rede de calçados teve o domingo mais fraco para um mês de dezembro em anos. Em uma perfumaria da Praça Barão do Rio Branco, a queda no movimento afetou as vendas, causando prejuízo.


Fatores como 13º salário e auxílio emergencial devem impulsionar vendas para o Natal em São Vicente
Fatores como 13º salário e auxílio emergencial devem impulsionar vendas para o Natal em São Vicente   Foto: Vanessa Rodrigues/ AT

“Fiquei com a loja aberta até as 18h no domingo. Convoquei todos os funcionários, esperando pelo movimento. Não teve. Meu faturamento caiu de R$ 12 mil para R$ 3 mil. Sentimos muito”, contou uma funcionária que trabalha no local há oito anos e também não se identificou.


Panorama


No último domingo (8), o governador João Doria (PSDB) disse que o estado pode arcar com 50% da reforma da Ponte dos Barreiros, mas explicou que a iniciativa do serviço deve ser da prefeitura.


Na última quinta-feira (5), o secretário de Logística e Transportes do Estado, João Octaviano Machado Neto, despistou sobre de quem era a responsabilidade da estrutura, durante visita à ponte ao lado do prefeito de São Vicente, Pedro Gouvêa (MDB).


Questionada, a Prefeitura de São Vicente disse que mantém contato com o Governo de São Paulo e “aguarda o envio do relatório do estado para que possa dar prosseguimento ao pedido para uso parcial da ponte e que será encaminhado à Justiça”. A promessa das autoridades era entregar o documento na última sexta (6).


Transtornos


Esta segunda-feira (9) foi o último dia de testes dascarrocelasna Ponte dos Barreiros. O equipamento pertence a uma empresa de Praia Grande, que negocia com a Prefeitura de São Vicente a viabilização do transporte de idosos, crianças e pessoas com deficiência na ponte.


Embora amenize o caos, ascarrocelasrevoltam. “Quero o prefeito na primeira fila, pedalando e puxando o povo”, questionou a estudanteIsleySantos, 28 anos.


Francisco Gomes e o filhoKauãHenrique, de 9 anos, também sofrem. O garoto luta contra o linfoma dehodgkin, tipo de câncer que se origina no sistema linfático. “Meu filho, doente, é obrigado a passar por isso. Uma vergonha”, desabafa Gomes.


Francisco Gomes e o filho Kauã Henrique
Francisco Gomes e o filho Kauã Henrique   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

Sobre ascarrocelas, a prefeitura disse que aOtrantur, concessionária do transporte coletivo da cidade, tem utilizado três unidades, capazes de transportar 12 passageiros por vez. A administração municipal, por sua vez, não informou à Reportagem o quanto a efetivação do serviço custará aos cofres públicos, caso haja um acordo entre empresa e prefeitura.


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