Governo do Estado e Prefeitura de São Vicente buscam liberação parcial da Ponte dos Barreiros

O Governo do estado de São Paulo e a Prefeitura de São Vicente buscarão, junto a Justiça, a liberação parcial da Ponte Jornal A Tribuna, conhecida como Ponte dos Barreiros, que liga a Área Continental a região central do município. A ideia é que o tráfego de veículos seja feito em um esquema especial, operado somente na faixa de rolamento próximo a antiga linha férrea. O tráfego de veículos segue suspenso no local e os moradores tem atravessado a estrutura a pé.

Nesta quinta-feira (5), o secretário estadual de Logística e Transportes, João Octaviano Machado Neto, realizou visita técnica junto de técnicos do Instituto de Pesquisas Técnológicas (IPT), autoridades municipais e deputados estaduais da região. Eles acompanharam, de barco, o trabalho de mergulhadores, que vistoriaram pontos críticos da estrutura.

"Nos parece que, do ponto de vista de engenharia, nós vamos precisar fazer obras emergenciais de mitigação do risco de um lado da ponte. O lado da ponte que está próximo a estrutura ferroviária está com uma situação mais estável. O que nos leva a crer que há uma boa possibilidade que, com o relatório técnico que será produzido entre as nossas equipes ao longo do dia de hoje (quinta-feira), possamos levar ao juiz uma condição segura, que dê tranquilidade a ele para uma liberação parcial", avaliou Machado Neto.

De acordo com representante do Executivo estadual, a intenção é apresentar "um documento com uma robustez técnica", que contará com plano operacional, desenvolvido pela prefeitura, para que tenha essa operação parcial da ponte. "A questão chave aqui é que essa operação possa ser feita com segurança e que as pessoas não tenham o menor risco no uso da ponte", disse o secretário.

João Octaviano Machado Neto disse acreditar que faltava uma segurança de que obras emergenciais serão feitas em pontos críticos da Ponte dos Barreiros. Os trabalhos seriam realizados paralalemente a operação parcial da estrutura uma vez que, segundo o secretário, as pilastras mais afetadas são as do lado oposto a linha férrea, que esteve mais sujeita a ação da maré.

Sem risco

Para o representante do governo estadual, a principal preocupação é que população não seja mais prejudicada, sendo forçada a atravessar a estrutura a pé para conseguir utilizar o transporte público.

"Claro que ninguém quer que as pessoas façam essa caminhada diária aqui. Ela é um sofrimento que temos que eliminar. Mas nós temos que fazer isso com cuidado porque, pior do que isso, é um acidente que possa comprometer a vida das pessoas. De uma forma muito segura, serena, a prefeitura, as equipes técnicas e o estado estão trabalhando para resolver isso. Ao longo do dia de hoje as equipes vão trabalhar e acredito que brevemente, entre hoje e amanhã (sexta-feira), a gente tenha condições de preparar esse relatório, o plano operacional da prefeitura e levar ao juiz. Essa é nossa parte a fazer", analisou Machado Neto.

O secretário estadual de Transporte e Logística ainda disse que não há risco de comprometimento da estrutura com a operação parcial devido a uma sobrecarga em um dos lados da Ponte dos Barreiros.

"Cada trecho da ponte você tem um tabuleiro ali, ele tem uma capacidade de carga. O plano operacional vai definir que ele vai ter a carga compatível com cada trecho. O plano operacional diz o seguinte: 'de tantos em tantos minutos sai um ônibus para que você não tenha dois ônibus sobre o mesmo trecho'. Com competência, a equipe do prefeito (Pedro Gouvêa) está montando esse plano", afirmou João Octaviano.

O representante do governo estadual ainda se esquivou sobre quem seria responsável pela Ponte dos Barreiros. Ele ressaltou que, agora, o que importa "é resolver o problema das pessoas que estão a pé". Segundo o secretário, depois de encontrar uma solução, é que prefeitura e estado irão definir, de forma conjunta, como será a manutenção da estrutura para evitar problemas futuros.

Por fim, o chefe da pasta de Logística e Transportes descartou a possibilidade da instalação de uma travessia marítima no local. "A questão do ancoradouro das lanchas é complicado. Teriam que ter lanchas grandes, você tem um problema que não seria de fácil solução. Não é só colocar catraias fazendo isso. Com a solução parcial, acho que isto está superado", finalizou.

Interdição

A Ponte dos Barreiros está interditada desde as 7h de sábado (30 de novembro), apósdecisão judiciala partir do laudo do IPT, que indicou possibilidade de colapso estrutural da ponte. Desde segunda-feira, os mais de 150 mil moradores da Área Continental de São Vicente sofrem com a locomoção para a Área Insular e outras cidades da Baixada Santista.

OMinistério Público se posicionou contra a liberação da ponte, após avaliação do pedido da prefeitura. Opromotor de Justiça Eduardo Gonçalves de Salles explica que, desde 2014, relatório já apontava que a ponte se encontrava em iminente processo de colapso.

Moradores protestam e cobram respostas

O grupo intitulado Frente da Ponte pra Cá, formado por moradores da Área Continental de São Vicente, realizou um protesto em frente à Prefeitura, na tarde da última quarta-feira (4). Eles cobravam mais ação por parte do Município e Governo do Estado em relação à reforma da Ponte dos Barreiros.

Os manifestantes coletaram diversas assinaturas e encaminharão abaixo-assinado ao Ministério Público. Ao mesmo tempo que defenderam a interdição da ponte, por entender os riscos apresentados pelo laudo preliminar do IPT, a comunidade quer respostas, prazos e melhores condições para a mobilidade urbana.