Empresa nega rato em caixa de molho de tomate comprada em São Vicente

Segundo representante, não houve contaminação no lote e 'corpo estranho' será analisado

Por: Gabriel Fomm  -  01/07/22  -  07:43
A ingestão de alimentos com fungos podem causar danos à saúde
A ingestão de alimentos com fungos podem causar danos à saúde   Foto: Arquivo Pessoal

A empresa Cargill, responsável pela fabricação e distribuição da polpa de tomate Pomodoro, afirmou que o “corpo estranho” encontrado por uma moradora de São Vicente, na quarta-feira (29), dentro de uma caixa do produto, não é um rato. A mulher afirma que foi comunicada por um representante da empresa que se trata de um fungo.


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Em nota, a Cargill alega ter feito uma análise das imagens apresentadas pela consumidora Luciene Valentim e chegou a conclusão de que não se tratava de um rato. Porém, uma equipe fará a coleta para maiores esclarecimentos.


A Cargill ainda informou que realizou uma nova checagem e confirmou que não houve contaminação neste lote. Também disse que “o produto é envasado em uma máquina que possui um sistema asséptico com circuito fechado, sem contato com o meio externo e que não permite desenvolvimento de microrganismos”.


A empresa afirma ter um circuito inteligente, que detecta contaminações, e descarta todo produto contaminado. Além disso, alega que há filtros e raio-x que garantem que casos como esse não aconteçam.


O caso
A moradora do Jóquei Clube, em São Vicente, disse ter encontrado um rato dentro de uma caixa de molho de tomate. A esteticista de animais conta ter ingerido parte do produto e ter passado mal desde então. “Ela (representante da empresa) falou que é um fungo que não dá para gente ver a olho nu assim. Causado por vários furinhos na caixa, por mau armazenamento deles, que formou isso dentro da caixinha”, conta.


“Vão buscar agora [próxima terça-feira (5)]. A moça entrou em contato comigo hoje e me passou essas informações que poderia ser fungo pelas fotos. Como eu falei, eu tirei pelinho, ela me explicou que existe capa. Eu nunca ouvi falar que forma uma capa conforme vira fungo. Eu sou leiga, eu não sei se isso procede”, relembra Luciene.


A mulher conta que a empresa quis reembolsar o valor pago pelo produto, porém se recusou a aceitar. Também comenta que ofereceram outros molhos e massas para recompensá-la, mas rejeitou a proposta.


“Estou sem comer desde ontem, não consigo estou com o estômago embrulhado devido a isso. Eu estava tendo diarreia e ânsia de vômito. Agora eu estou somente com ânsia. Confesso que ela me deixou mais aliviada quando ela falou que eu poderia ser fungo. Não sei qual é o pior para falar a verdade”, conclui.


Mercado
O mercado onde Luciene adquiriu o produto, Ao Fiel Barateiro, afirmou ter recebido contato da cliente e fotos com o “objeto não identificado”. Afirma que “mesmo não apresentando cupom fiscal da compra”, imediatamente repassou à gerência da loja para verificar se o lote estava nas prateleiras ou em estoque.


Diz ainda que, após a apuração da equipe, não foi encontrado esse lote na loja e a cliente apenas os comunicou, pois tratava do assunto direto com a fabricante.


Riscos
A ingestão de alimentos com fungos podem causar danos à saúde. Dependendo do gênero fúngico, pode causar intoxicação alimentar ou inflamação do intestino e do estômago.


O biomédico e professor mestre em microbiologia da Universidade São Judas Wanderson Cosme da Silva explicou sobre os riscos da ingestão. “Existem vários fungos que causam doenças no estômago e no intestino, são chamadas de Doenças Transmitidas por Alimentos (DTAs). É um dos microrganismos que mais contaminam molho de tomate, porque ele tem atividade de água baixa e uma acidez mais favorável para crescimento dos fungos”, conta.


“Os fungos podem liberar toxinas durante o crescimento nesse molho, que causam uma intoxicação de origem alimentar quando for absorvida pelo intestino. Às vezes, dependendo do gênero do fungo, pode não produzir toxina, mas a presença dele em uma boa quantidade pode levar a um processo inflamatório no estômago e intestino”, explica o biomédico.


Apesar dos riscos, o professor explica que os sintomas têm tendência de passar com o tempo. No caso de piora, deve ser procurado um especialista para tratamento. “Dependendo do gênero microbiano, a doença pode se estender para outros órgãos. Precisa sempre ficar de olho”, comenta.


Ainda sobre análise, se confirmado que se trata realmente de parte do corpo de um rato, há uma série de riscos que a ingestão pode causar. Segundo o biomédico, o roedor frequenta diversos lugares contaminados, como o esgoto, e sua urina traz malefícios à saúde.


“Quando você encontra um rato em um alimento, ou até mesmo vestígios desse rato, você pode encontrar também esse microrganismos que são oriundos de fezes que estão presentes no esgoto”, conclui


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