Você conhece o Maneco? Comerciante conta as horas no Centro de Santos há mais de 50 anos

Aos 79 anos, Manoel da Costa Júnior mantém comércio tradicional com a família

Por: Arminda Augusto  -  31/07/22  -  08:00
Atualizado em 31/07/22 - 08:14
A história da Maneco Joias é a história do comerciante Manoel da Costa Júnior, nascido no bairro Santa Maria, em Santos
A história da Maneco Joias é a história do comerciante Manoel da Costa Júnior, nascido no bairro Santa Maria, em Santos   Foto: Davi Ribeiro

De tantos anos de comércio, algumas lojas do Centro de Santos acabam virando ponto de localização. A Maneco Joias é a referência da passarela que existe entre as ruas João Pessoa e General Câmara. Prestes a completar 52 anos, acompanhou todas as transformações pelas quais passou o bairro e permanece firme sob o comando da mesma família.


Clique, assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe centenas de benefícios!


A história da Maneco Joias é a história do comerciante Manoel da Costa Júnior, nascido no bairro Santa Maria, em Santos, em 1943. Aos 9 anos, já trabalhava com tecidos para ajudar a sustentar sua família. Aos 16, começou a trabalhar como ourives para joalherias da Cidade, atendendo mais lojistas do que clientes. Juntamente com um primo, já falecido, trabalhou em uma oficina de joias no Centro.


Aos 28 anos, Costa abriu a sua primeira porta, no número 42 da Rua Martim Afonso, vendendo joias, relógios e fazendo pequenos consertos.


Quem entra na loja do Shopping Passarela (na verdade, Rua General Câmara, 60, lojas 6 e 7) não imagina o que há no primeiro andar: uma oficina completa para modelar, polir e preparar alianças e joias, tudo conservado por meio século. Mas é importante destacar: ali não se guarda ouro nem prata. Esse trabalho só é feito sob encomenda.


 André Luiz da Costa passou a comandar os negócios do pai
André Luiz da Costa passou a comandar os negócios do pai   Foto: Arquivo pessoal

Pai para filho
A história da Maneco Joias também foi construída pela família: Silvia Lucia, a esposa, que só recentemente se aposentou das tarefas, e o filho André Luiz da Costa, de 44 anos, que agora comanda os negócios junto com os funcionários. “Mas meu pai vem toda semana. A vida dele é estar aqui”, diz o comerciante.


Assim como o pai, André também aprendeu o ofício de ourives no dia a dia da atividade, vendo o pai desde cedo. “Na época, eu ficava bravo por ter que vir para cá. Meus amigos saíam da escola e iam jogar bola. Eu tinha que vir pra loja. Hoje, vejo como isso foi importante”, conta.


Nas vitrines da loja há de tudo um pouco, mas André conta que algumas mercadorias são campeãs de venda: brincos, broches e pulseiras para presentear crianças que nascem, e as alianças de casamento.


A loja também se destaca na venda e no conserto de relógios, mas não se iluda: o relógio grande que está logo na entrada, com quase 1,80 metro de altura, não está à venda. É alemão, da marca Urgos, comprado no Amazonas. Virou relíquia de valor sentimental para seu Maneco.


A história da Maneco Joias é a história do comerciante Manoel da Costa Júnior, nascido no bairro Santa Maria, em Santos, em 1943
A história da Maneco Joias é a história do comerciante Manoel da Costa Júnior, nascido no bairro Santa Maria, em Santos, em 1943   Foto: Alexsander Ferraz/AT

Valores
Para André, o que faz a perenidade de uma loja desse segmento é a confiança dos clientes. E ele explica: “Lidar com ouro, por exemplo, é lidar com dinheiro. Às vezes, recebemos uma peça de família para transformar em duas ou três joias. Se sobra alguma coisa, a gente entrega de volta, por pouco que seja”, cita.


No próximo ano, seu Maneco completa 80 anos e, mesmo que ele decida passar mais tempo em casa do que na loja, André estará lá para continuar a “obra” do pai. “É o que eu sei e gosto de fazer”, diz, acreditando no potencial do Centro e na retomada do comércio local. “Há muitas lojas que são referência. Não pensamos em sair daqui, não”.


Logo A Tribuna