Rua do Estuário, em Santos, padece com lixo, moradores de rua e usuários de drogas

Município diz que já realizou duas campanhas de orientação e sensibilização contra o descarte irregular com os moradores em 2018 e em fevereiro

Por: Sheila Almeida & Da Redação &  -  24/07/19  -  21:49
A prática rumo ao lixo zero
A prática rumo ao lixo zero   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

Há uma brincadeira popular em revistas de passatempo que exige relacionar quais objetos são comuns a que grupos. Numa comparação, tente adivinhar onde se agrupariam: pote de vidro, bolinhas de plástico, roupas, copos, chinelo, resto de material de construção, meias, sacolas de lixo, dez pneus de caminhão, um carro alegórico, vegetação em vasos e até um banheiro químico.


Apesar de absurda, a resposta é em menos de 20 metros de calçada da Rua Antônio Maia, no Estuário, em Santos. Segundo caminhoneiros, funcionários e empresários dali, apesar de o correto ser a calçada estar livre, a fiscalização é como uma piada sem graça. 


André Pedroso, de 28 anos, caminhoneiro, passa pela via há cinco anos. Conta que sempre viu a calçada assim. Como mágica, de vez em quando está limpa. 


Um empresário que não quer se identificar explica que, além do lixo já trazer problemas em si, também atrai moradores de rua e usuários de drogas, que acendem fogueiras para separar, por exemplo, fios de cobre de outros materiais. Por ironia, a placa na parede pedindo que não se jogue lixo está chamuscada. 


Mais problemas


Além de atrair usuários de drogas, o lixo causa estragos à drenagem da água da chuva. A grade de um ventilador quebrado faz o papel de bueiro, cujo buraco virou quase uma cova de lixo.


Um terreno próximo, que dava acesso à antiga entrada de uma empresa portuária, virou um espaço para a escola de samba Padre Paulo – responsável pelo carro alegórico e alegoria largados por ali. Aliás, há quem diga que o banheiro químico no local foi colocado pela escola, que organiza eventos noturnos. Representantes da agremiação negam.


Escola de samba multada


A escola de samba Mocidade Independente de Padre Paulo, que deixou na via um carro alegórico em meio ao lixo, já foi multada. Santos esclarece que a agremiação foi notificada em 16 de abril. Já no dia 26, foi multada em R$ 15 mil por não resolver o problema. Mas, segundo a prefeitura, para multar quem joga lixo no local, só mesmo flagrantes – o que não ocorreu. 


A administração diz que a guarda e a conservação dos carros alegóricos é de total responsabilidade das agremiações participantes do desfile oficial da cidade.


Segundo representantes da Mocidade Independente de Padre Paulo que estavam no local, o carro alegórico na via está quebrado, justamente porque foi roubado e não pôde ser manobrado. 


Carro alegórico está abandonado na Rua Antônio Maia, próximo à Avenida Mario Covas
Carro alegórico está abandonado na Rua Antônio Maia, próximo à Avenida Mario Covas   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

E o resto do lixo?


Questionado, o município diz que já realizou duas campanhas de orientação e sensibilização contra o descarte irregular com os moradores em 2018 e em fevereiro, sendo prevista outra para este semestre e disponibiliza os serviços de cata-treco, gratuito, que garante a limpeza das vias e recolhe objetos como mesa, cadeiras e sofás, entre outros. O cronograma está em no site da Prefeitura de Santos.


Os agendamentos para retirada de materiais podem ser feitos pelo telefone 0800-7708770. Só é válido ligação de telefone fixo.


As denúncias podem ser feitas através da Ouvidoria, Transparência e Controle (OTC) pelos telefone 162 ou 153 (Guarda Municipal). 


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