Revolução de 1932: Há 90 anos, a batalha de São Paulo por uma Constituição
A Revolução Constitucionalista foi o último grande conflito armado no País
![Monumento Revolução Constitucionalista de 1932, na Praça José Bonifácio, no Centro de Santos](http://atribuna.inf.br/storage/Cidades/Santos/img1522819412120.webp)
Considerado o último conflito armado de grandes proporções em território brasileiro, a Revolução Constitucionalista de 1932 completa 90 anos neste sábado (9). O levante das tropas paulistas contra o Governo Provisório de Getulio Vargas, que durou 87 dias (entre 9 de julho e 4 de outubro), foi uma resposta de São Paulo à Revolução de 1930, que acabou com a autonomia dos estados, garantida pela Constituição de 1891.
Lembranças familiares
Membro da Associação dos Combatentes de 1932 de Santos, Gregório Marques Cardim da Silva tem razões de sobra para ser um dos simpatizantes da Revolução Constitucionalista. O fisioterapeuta de 35 anos é neto de dois ex-combatentes: o avô paterno, João Sebastião da Silva, e o avô materno, Moacyr Olintho de Carvalho.
![João Sebastião da Silva, avô de Gregório, e a carteirinha do Clube dos Combatentes](http://atribuna.inf.br/storage/Cidades/Santos/img1791672511576.webp)
Apesar de não ter convivido com os avôs, Gregório guarda histórias da Revolução que os ex-combatentes contaram aos seus pais. Além de lembranças, ele mantém documentos e objetos dos avôs relacionados ao movimento revolucionário.
“Meu pai guardou o material e acabou passando para mim, que comecei a pesquisar sobre o assunto. Assim, acabei militando para preservar a história, me juntando à Associação de que os meus avôs fizeram parte”, conta.
Segundo os relatos colhidos dos pais, Gregório tem a imagem do avô João como a de um homem engajado na Revolução. “O João era mineiro, mas veio morar em Santos. Era muito ligado à causa constitucionalista, fez parte da Associação de Combatentes de São Paulo e recebeu as medalhas MMDC e da Constituição.”
Durante a Revolução, João Sebastião da Silva serviu no Batalhão Bento Gonçalves. Anos mais tarde, orgulhoso, “participava de todos os desfiles dos ex-combatentes”, diz Gregório. A ligação com o movimento continuou após a sua morte, em 1987, quando foi sepultado no Mausoléu do Soldado Constitucionalista, no Cemitério da Areia Branca, em Santos.
Tatuagens como lembranças
De acordo com o fisioterapeuta, o avô materno, Moacyr Olintho de Carvalho, serviu no Batalhão Operário de Santos. A história mais marcante contada por ele à mãe de Gregório foi de quando se safou da morte, após a tropa ser atacada pelas forças de Getulio Vargas.
![Moacyr Olintho de Carvalho viu a morte de perto na Revolução de 1932](http://atribuna.inf.br/storage/Cidades/Santos/img2580765414757.webp)
“Entre um combate e outro, eles foram surpreendidos com uma chuva de granadas dos Federalistas. Com a explosão, morreram os combatentes que estavam ao lado dele (Moacyr), que apenas fraturou o braço direito e teve algumas escoriações”, conta.
Após o fim do levante, com a rendição das tropas paulistas, o avô decidiu marcar no corpo o dia em que “viu a morte de perto”. “Ele tatuou no braço direito o Brasão da República e Jesus Cristo crucificado. Segundo ele, era para que sempre que olhasse para o braço e visse aquelas tatuagens, iria se lembrar que, por amor à pátria, ele arriscou a sua vida, e Jesus Cristo, por um milagre, o salvou.”