Reforma resgata casarão centenário no Centro de Santos

Imóvel recuperou o charme e a beleza do início do século passado

Por: Arminda Augusto  -  26/06/22  -  11:22
Casarão, que chega aos 100 anos, fica na esquina das ruas Itororó e Amador Bueno, no Centro de Santos
Casarão, que chega aos 100 anos, fica na esquina das ruas Itororó e Amador Bueno, no Centro de Santos   Foto: Matheus Tagé/AT

Vinte e cinco janelas e portas verdes e um conjunto de dezenas de balaústres restaurados sobre uma fachada de tom pastel compõem o mais novo casarão histórico recuperado do Centro de Santos, um presente de aniversário para um imóvel que, neste ano, chega aos 100 anos.


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O casarão fica na esquina das ruas Itororó e Amador Bueno e, na última semana, recebeu os últimos detalhes de pintura e limpeza. Agora, só falta a visita do Corpo de Bombeiros para obter o AVCB e, em seguida, ser ocupado, provavelmente por uma grande loja de móveis e decorações, com showroom embaixo e depósito e distribuição na parte de cima.


O arquiteto Gustavo Nunes, sócio-fundador da To Fix, é quem responde pelo projeto de restauração, a mesma empresa que, no ano passado, finalizou a recuperação de um outro casarão histórico, na esquina da Avenida Senador Feijó com a Rua General Câmara, onde será instalada, em breve, a nova sede da Diretoria de Ensino de Santos.


História

O imóvel da Rua Itororó ficou 11 anos desocupado, e seu estado de degradação chamava a atenção de quem frequenta aquele trecho do Centro. Faltavam 56 balaústres da fachada (elementos verticais que compõem a decoração externa). Além disso, portas e janelas originais estavam apodrecidos pelo tempo, telhado com infiltração e umidade nas paredes.


Comprado em 2020 pelo novo proprietário, o casarão ficou um ano em obras de restauro. Originalmente, a parte de cima servia para quatro residências, e a parte de baixo funcionava como comércio, um modelo típico até meados do século passado, em que famílias nobres viviam no Centro de Santos e também mantinham seus negócios, compartilhando o mesmo endereço.


O imóvel é NP 2 (nível de proteção 2), o que implica em conservar as características originais da fachada e a volumetria do espaço. No total, são 570 metros quadrados de área, com pé direito superior a 4 metros.


Detalhes do interior do imóvel, após minucioso trabalho de restauração
Detalhes do interior do imóvel, após minucioso trabalho de restauração   Foto: Matheus Tagé/AT

Pesquisa

O trabalho de Gustavo Nunes começou com a pesquisa histórica do imóvel, feita pelo jornalista Sergio Willians. Nessa pesquisa, são identificados todos os elementos originais da construção e seus usos: cores, formas, disposição dos cômodos, materiais utilizados, escadas, janelas e portas.


A partir daí, já se tem uma ideia do que é preciso conservar pelas regras de proteção histórica e o que é possível modificar para dar novos usos. Na parte de cima, as quatro residências que existiam foram transformadas em um grande salão, com 50 metros de comprimento e 5,9 metros de largura.


As janelas e portas, deterioradas pelo tempo, foram substituídas por novas, mas com material e forma que mantêm as características do projeto original. O assoalho de madeira foi trocado por uma laje pré-moldada com estrutura principal de perfil metálico. Forros de madeira deram lugar a paredes de drywall.


O telhado novo tem agora uma subcobertura de vedação, para evitar que a água da chuva penetre pelas telhas de barro (originais). A rede elétrica ainda mantinha os fios com cobertura de tecido e foi substituída.


Para acomodar os novos usos, foram modificados os banheiros e escada interna, permitindo que o acesso ao piso superior fique independente do piso inferior, já que a intenção do novo proprietário é alugar todo o casarão para o ramo de móveis, com depósito e showroom.


Perfil do Centro

Para Gustavo Nunes, que já assinou ao menos 25 projetos de restauração e recuperação de imóveis no Centro Histórico de Santos, é acertada a iniciativa de repovoar aquela região com moradias.


Ele entende que o perfil desse novo morador deve ser de baixa-média renda, “aquela família que vai encontrar na região central toda a infraestrutura adequada e um aluguel bem mais baixo que nos demais bairros”.


A To Fix já trabalha com dois outros projetos na região. Em um deles, haverá o retrofit do imóvel, que passará de comercial para residencial, atendendo a esse potencial público de novos moradores.


De volta à vida

O imóvel restaurado ficou 11 anos desocupado. O seu estado de degradação chamava a atenção de quem frequentava aquele trecho do Centro de Santos. Faltavam 56 balaústres da fachada (elementos verticais que compõem a decoração externa). Além disso, portas e janelas originais estavam apodrecidos pelo tempo, telhado com infiltração e umidade nas paredes.


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