Qualidade do ar em Santos melhora com quarentena por coronavírus
Segundo estudo, quantidade de poluentes apresentou queda na cidade
A qualidade do ar em Santos apresenta melhora com o isolamento social. Menor volume de veículos nas ruas e as condições climáticas favoráveis à dispersão dos materiais, com chuvas e ventos, são apontados por especialistas para a redução nos indicadores de poluentes.
Dados da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) apontam queda nas concentrações de poluentes a partir de 23 de março - quando foi adotada a quarentena no estado. Emissões de monóxido de carbono e dióxido de nitrogênio (gerados com a queima de combustível) tiveram significativa redução em comparação com a semana anterior.
Cruzamento de dados feito por A Tribuna mostra a presença de material particulado (emitido por veículos a diesel) também em queda. Na primeira quinzena de março, a concentração média desse poluente era de 20 microgramas por m³ na estação de monitoramento instalada nas imediações do Hospital Guilherme Álvaro (HGA), no Boqueirão.
Já na reta final do mês, a marca caiu para 13 por m³, uma das mais baixas na série histórica de mediação por hora, iniciada em maio de 2013. Ontem, o indicador oscilou entre 14 e 15 microgramas por m³ nos horários de pico. Em 2019, essa estação aferiu média de 22 microgramas por m³ – abaixo da metade do nível aceito pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é 40.
Na Ponta da Praia, o índice caiu de um pico de 25 microgramas em janeiro para 18 na semana passada. O bairro tem forte impacto com a circulação de caminhões e operações de grãos.
A gerente da Divisão de Qualidade do Ar da Cetesb, Maria Lucia Guardani, atribuiu o resultado à redução de veículos nas ruas. “É efeito direto: a pessoa deixa o carro em casa e essa fonte deixa de ser poluidora”.
Para manter os índices nesse patamar após a pandemia, ela defende maior oferta de transporte público com menos dependência de combustíveis (como VLT e metrô). Segundo ela, a Cetesb prepara uma análise sobre a poluição no Estado durante a quarentena.
A professora de Climatologia e Hidrografia da Unimes, Maria Glória da Silva Castro, explica que as condições climáticas transferem a poluição local de uma área para a outra. Na região, essa carga é movida para o ABC paulista.
Ela diz que esse fenômeno propicia a formação do ozônio, que não é emitido em processo produtivo ou por veículos. “Ele se forma sobre as cidades mais poluídas especialmente nos dias ensolarados, porque precisa de luz para ser criado”.