Projeto de lei quer fechar espaços vazios do ar condicionado para evitar pombos em Santos

A Câmara debateu o assunto ontem à noite, de forma preliminar; especialistas dizem que assunto pede atenção

Por: Nathália de Alcantara  -  28/08/20  -  23:00
Apesar de nome 'Doença do Pombo', não são apenas esses animais que causam a enfermidade
Apesar de nome 'Doença do Pombo', não são apenas esses animais que causam a enfermidade   Foto: Arquivo/Divulgação

Um projeto de lei quer tornar obrigatório o fechamento dos espaços vazios, do lado externo de prédios e casas, destinados a aparelhos de ar condicionado. A Câmara de Santos debateu o assunto na noite desta quinta-feira (27), de forma preliminar.


Segundo o relator do projeto, vereador Manoel Constantino (PSDB), o objetivo é reduzir o risco dos pássaros fazerem cocô nesses locais, já que as fezes deles são transmissoras de diversas doenças.


“Minha ideia veio do que a gente vê por todos os lados e conhece em Santos. É preciso chamar a atenção para esse assunto, mostrando que as pessoas devem ter cuidado”.


Para ele, é preciso fazer algo para minimizar os transtornos causados pelas fezes dos pombos. “Ele vive em todos os lugares, basta ter comida. Com o porto, a situação fica até pior”, explica o vereador.


O prazo para adequação é de 60 dias após a publicação da lei, caso ela seja aprovada, com punição de R$ 100,00 por dia em caso de descumprimento.


Uma das doenças causadas pelo pombo é a criptococose, causada por fungos que induzem uma síndrome inflamatória sistêmica ou localizada. Os sintomas são os de pneumonia e meningite.


>> Entenda mais sobre a criptococose


Apesar o assunto pedir atenção, o infectologista do Hospital Albert Einstein Jacyr Pasternak explica que a doença do pombo é rara.


Ele diz que o fungo entra na corrente sanguínea e pode se instalar em qualquer lugar do corpo. Em alguns pacientes, o diagnóstico fica ainda mais difícil. 


“É uma doença que tem a ver com a imunidade. Cada caso é um caso e ela se manifesta diferente em cada pessoa, por isso pede cuidado”.


O infectologista Evaldo Stanislau explica que as chances de cura são altas, mas o paciente precisa ser diagnosticado o mais rápido possível e tratado adequadamente.


“O corpo briga para segurar essa inflamação e tudo depende de onde o fungo se instala. São causadas disfunções, edema cerebral e comprometimento respiratório”, explica Stanislau.


Para evitar a doença, cuidados simples são mais do que suficientes. Manter bons hábitos de higiene, como lavar sempre as mãos, alimentar-se adequadamente e fazer atividade física com frequência ajudam a manter a imunidade alta, ou seja, a se manter mais seguro.


O animal


Estudioso de pombos há 19 anos, o veterinário Eduardo Filetti diz que a população desses animais cresceu de 50 mil em 2000 para 250 mil em 2019 e só em Santos.


“Eles se adaptam com o tempo. Hoje, comem iogurte, fast food e tudo o que damos para eles”.


O especialista explica ainda que quem o alimenta é responsável por 4% do aumento na população do animal. Os outros 96% vêm de grãos do Porto, alimentos expostos e arquitetura antiga, ambientes que favorecem a proliferação. 


Outro agravante, segundo Filetti, é quase não ter predadores na cidade, como gavião.


“Apesar de não termos uma epidemia, é preciso controlar a reprodução do animal. Isso já é feito na Europa, onde colocam um anticoncepcional na comida dos pombos três vezes ao ano. Em oito anos, já veríamos os resultados”.


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