Problemas em calçadas prejudicam pedestres de Santos

Buracos, desníveis, obstáculos, piso tátil que conduz para boca de lobo. Esses são alguns dos problemas verificados nos passeios em bairros da cidade

Por: Da Redação  -  28/05/19  -  22:04
Problemas em calçadas prejudicam pedestres de Santos
Problemas em calçadas prejudicam pedestres de Santos   Foto: Nirley Sena/ AT

A autônoma Keciana Horácio de Lima, de 37 anos, sempre pensa duas vezes antes de sair de casa com o filho de 1 ano. Moradora do Morro da Nova Cintra, em Santos, ela sofre para circular com o carrinho de bebê pelas calçadas do bairro. 


“Tem lugares por aqui que o único jeito de seguir adiante é pelo meio da rua. Morro de medo dos carros, mas até os motoristas compreendem a situação e já vêm com cuidado”, conta. 


Um exemplo do que ela enfrenta está na Rua Coronel Galhardo, uma travessa da Avenida Santista. Ao entrar na via, os pedestres ficam sem opção. De um lado, o passeio é inexistente, com o asfalto chegando aos muros das casas. De outro, o passeio não permite que alguém caminhe ali, pois há obstáculos, como rampas de garagem, escadas que dão acesso às moradias, plantas e buracos.


Na manhã de terça-feira (27), A Tribuna percorreu bairros de Santos para verificar as condições das calçadas. Em alguns locais, os pisos tinham sido feitos há pouco tempo, com rampas adequadas para caminhar. Mas buracos, desníveis, raízes levantando o chão e obras malfeitas podem ser encontrados facilmente.


Da prefeitura


Nem os serviços feitos pela prefeitura escapam de armadilhas para a circulação. Na Avenida Governador Fernando Costa, na Ponta da Praia, a promessa é tornar toda a extensão da via acessível, com o piso em concreto e rampas. 


Mas, antes mesmo de a obra chegar ao fim, há pontos mostrando que pedestres com mobilidade reduzida devem redobrar a atenção. Na esquina com a Rua Marcelo Ribeiro de Mendonça, por exemplo, a rampa e o piso podotátil (para indicar a cegos onde atravessar) conduzem o caminhante a uma boca de lobo. 


“Isso não ocorre só ali. E é um problema grande, uma vez que a roda da frente da cadeira de rodas entra nos buracos dessas tampas”, explica o cadeirante Luciano Marques, que preside o Conselho Municipal para Integração da Pessoa com Deficiência (Condefi). 


Na parte final do trabalho na Fernando Costa, perto da Avenida Rei Alberto I, um lado da calçada, que ainda não está concluído, se afunila, e uma goiabeira divide um espaço de cerca de um metro com pedestres.


Zona Noroeste


Na Caneleira, em frente à obra de revitalização da Rua Francisco Ferreira Canto, no Caneleira, quem espera ônibus próximo ao Pátio Municipal de veículos, também encontra obstáculos, como o passeio quebrado em ato alto. 


Ainda quem se dirige para a policlínica local pode precisar de um ortopedista, caso caia na calçada quebrada diante dessa unidade de saúde municipal. 


“São mais de 120 mil pessoas com deficiência na cidade, metade delas com mobilidade reduzida, e estamos longe de ter um patamar satisfatório de mobilidade urbana. Se eu não posso ir e vir, isso começa a complicar o meu direito a saúde, lazer, turismo, educação e trabalho. É desolador”, queixa-se Marques.


Proporção de queixas aumenta


No ano passado, a Ouvidoria Municipal recebeu 326 queixas sobre calçadas, o que representou 1,24% das demandas do órgão. Neste ano, até terça-feira, foram 516 reclamações sobre o mesmo assunto, o equivalente a 3,26% dos registros. 


Boa parte das reclamações vai para a equipe de fiscalização. Quando o dano afeta mais do que 70% da área, intima o proprietário a refazer o passeio ou, em áreas menores, a reparar os buracos. 


Para o assessor técnico da Secretaria de Infraestrutura e Edificações (Siedi), Nilson Barreiro, a prefeitura está fazendo a sua parte por meio do programa Calçada Para Todos, baseado em uma lei que padroniza as calçadas em Santos. 


Desde que a lei foi instituída, em 2017, a prefeitura padronizou pouco mais de 53 quilômetros de calçada, num total de quase 960 quilômetros existentes. 


“É pouco, mas já é um começo. Iniciamos projetos piloto em 2014 e estamos ampliando isso aos poucos. A lei está sendo seguida”, diz Barreiro. 


Ele estima que, em dez anos, boa parte dos passeios será feita de concreto desempenado. 


Ao tratar de vias visitadas pela Reportagem, Barreiro afirma que, na Caneleira, a calçada do ponto de ônibus será reformada. Ele declara que a obra da Fernando Costa ainda vai ser revista em alguns pontos e que a prefeitura negocia com o proprietário de um terreno a retirada da goiabeira. Os outros pontos serão vistoriados.


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