Prédios novos sem garagem já são realidade em Santos

Lei permite em algumas regiões da Cidade a construção de edifícios sem vagas de estacionamento para todos apartamentos

Por: Sandro Thadeu  -  08/04/22  -  18:00
Prédio recém-construído na Rua João Guerra, na Encruzilhada, tem 117 apartamentos e 62 vagas de garagem
Prédio recém-construído na Rua João Guerra, na Encruzilhada, tem 117 apartamentos e 62 vagas de garagem   Foto: Matheus Tagé/AT

A possibilidade de desobrigar os futuros prédios de Santos a destinarem uma vaga de estacionamento para cada apartamento, conforme previsto na proposta de revisão da Lei de Uso e Ocupação do Solo (Luos), já é realidade em alguns pontos da Cidade, como a região central, o Bairro Boqueirão e nas avenidas Pedro Lessa, Afonso Pena e Francisco Glicério.


Clique, assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe centenas de benefícios!


Há empreendimentos que foram construídos na Cidade a partir dessa medida, que está autorizada desde a última atualização da Luos, em 2018. Essa novidade permitiu que famílias conseguissem comprar imóveis por valor mais baixo.


Um exemplo é um edifício erguido na Rua João Guerra, no Bairro Encruzilhada, próximo ao Hospital dos Estivadores. O prédio tem 117 apartamentos de um dormitório, distribuídos em 13 andares, mas tem 62 vagas de garagem.


Essa construção fica na chamada Área de Adensamento Sustentável (AAS), que fica ao longo do traçado do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) e oferece incentivos para a construção de habitação de mercado popular.


O subsíndico desse prédio, Rodrigo Tibiriçá, mora no local há três meses e optou em comprar o imóvel, em janeiro do ano passado, sem o lugar para guardar veículos por uma questão de custo-benefício.


“Se eu quisesse ter uma garagem, teria de desembolsar R$ 35 mil. Há casos de pessoas que venderam o carro de entrada para realizar o sonho da casa própria. Estamos bem servidos de transporte público e daqui a alguns meses teremos o VLT”, ressaltou.


A menor unidade desse edifício tem 27 metros quadrados e é comercializada por R$ 230 mil. Para ter direito a vaga de estacionamento, essa transação ficaria 15,2% maior.


O corretor de imóveis Mário Pellachin explicou que menos de 10% das unidades habitacionais ainda não foram vendidas e declarou que há uma demanda na Cidade para o público que não vê necessidade de ter garagem.


A Prefeitura justificou que a modificação proposta na Luos — que ainda será apreciada pela Câmara — representa uma mudança a longo prazo, baseada em um novo conceito de mobilidade urbana, de incentivar o uso do transporte coletivo e de outros meios de locomoção com menor impacto ambiental, como a bicicleta.


“A alteração também poderá ser uma alternativa, no futuro, para pessoas que trabalham em home office, uma tendência que já foi potencializada durante a pandemia de covid-19”, mencionou a Administração Municipal.


Outra realidade

A Rua João Guerra também tem vários edifícios antigos de três andares e sem garagem, o que causa transtornos para quem tem carro, segundo alguns moradores.


A dona de casa Ana Tereza de Oliveira mora desde 2014 em um apartamento dessa via e, naquela ocasião, a família ainda não tinha um veículo.


“Deixamos o Bairro Aparecida e viemos para cá por uma questão econômica. Pouco tempo depois da mudança, compramos um carro e não pensávamos que precisaríamos ter uma garagem. Existe um estacionamento aqui ao lado, mas o valor da mensalidade é muito alto para nós”, comentou.


O operador de máquinas Luiz Fernando Francisco de Oliveira disse que o fato de estacionar o carro na rua traz algumas “surpresas”.


“É péssimo não ter garagem, pois ela acaba encarecendo muito o valor de um apartamento. Às vezes, uma porta amanhece amassada e o espelho retrovisor aparece quebrado. Essas situações são imprevisíveis, assim como quando dá uma chuva mais forte e ela acaba invadindo o veículo”, citou.


Logo A Tribuna