Praticantes de esportes reclamam de carros oficiais na areia da praia de Santos
Riscos de acidentes e falta de uma área específica para circulação dos automóveis são principais queixas dos usuários da praia
O que era para ser de uso emergencial e específico tem se tornando corriqueiro na orla santista. Corredores, caminhantes e praticantes de esportes individuais na faixa de areia têm notado um aumento na quantidade de veículos oficiais circulando rente à beira-mar.
Apesar de ser permitido em ocasiões especiais – como força-tarefa ou resgate –, o fato coloca em risco os esportistas amadores mais distraídos. Na última semana, ATribuna.com.br tem recebido diversos relatos de usuários da faixa de areia temorosos por eventual acidente.
A principal queixa é que os veículos utilizam o pontilhão na orla erguido para os pedestres atravessarem os canais. “Nem sei se as estruturas comportam o ingresso de um veículo”, afirma um praticante de esporte, sob a condição de anonimato. “Tenho medo de um dia ser atropelado”, continua.
Segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), as praias têm o uso regulamentado pelo órgão municipal. A legislação santista permite apenas o acesso de veículos de emergência (PM, ambulâncias, bombeiros, GCM), caminhão de limpeza urbana e veículos que fazem a carga e descarga das barracas, em horários previamente estabelecidos.
Para isso, a Secretaria Municipal de Esportes (órgão de Santos responsável pela gestão da praia) emite o alvará e a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) expede a credencial.
Contudo, durante a pandemia, usuários informam ser cada vez mais comum o tráfego de veículos pela faixa de areia. Foi, inclusive, um carro da CGM durante força-tarefa que flagrou o desembargador Eduardo Siqueira, do Tribunal de Justiça de São Paulo, sem mácara na orla.
“Muitas vezes a maré está baixa e a areia batida, e, mesmo assim, o condutor do carro prefere usar o pontilhão”, afirma o aposentado Ananias Carlos Pinto, de 66 anos. Ele teme eventual atropelamento. “O risco existe. Não existe uma faixa específica para a circulação destes veículos”, destaca.
ATribuna.com.br entrou em contato com a prefeitura de Santos, que respondeu em nota que, quando necessário, veículos com equipes da Prefeitura podem utilizar as passarelas para a realização de serviços na orla, apenas nos horários de baixa frequência de banhistas. Leia na íntegra:
A Prefeitura informa que toda a extensão da praia é fiscalizada diariamente pela Guarda Civil Municipal (GCM), equipes da Secretaria de Serviços Públicos (Seserp) que atua na orla, além da Subprefeitura da Zona da Orla e Intermediária (ZOI) e das câmeras do Sistema Informatizado de Monitoramento (SIM).
As passarelas localizadas nas estruturas dos canais na faixa de areia foram projetadas para permitir o acesso de veículos utilitários, com cargas limitadas a 3,5 toneladas. Não é permitido acesso de caminhões e equipamentos pesados.
Quando necessário, veículos com equipes da Prefeitura podem utilizar as passarelas para a realização de serviços na orla, apenas nos horários de baixa frequência de banhistas (fora do horário de pico).
*A circulação na faixa de areia ocorre em situação de extrema necessidade para logística dos serviços de zeladoria. Nesses casos, a velocidade máxima permitida é de 30km.
A GCM também esclarece que, em situações de emergência, viaturas oficiais do SAMU, Corpo de Bombeiro e Polícia Militar estão autorizadas a utilizar as passarelas e faixa de areia, desde que garantam a segurança de todos os frequentadores da praia.