Porto de Santos: vetor de expansão econômica do Município

Em 1892, foi inaugurado o primeiro trecho do cais que, hoje, responde sozinho por 28% das trocas comerciais do País

Por: Redação  -  26/01/22  -  20:08
O complexo portuário se consolidou também como o principal gerador de empregos da Cidade
O complexo portuário se consolidou também como o principal gerador de empregos da Cidade   Foto: Alexsander Ferraz/AT

Principal vetor de expansão econômica do Município, o Porto de Santos completará 130 anos de existência no próximo mês. No dia 2 de fevereiro de 1892, foi inaugurado o primeiro trecho de 260 metros do cais de pedra, substituindo os trapiches do até então conhecido Porto do Bispo, na área do Valongo.


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De lá para cá, o complexo se consolidou como o principal gerador de empregos da Cidade e responde sozinho por 28% das trocas comerciais brasileiras, segundo a Autoridade Portuária de Santos (APS).


Peso
O Porto também é importante para as finanças do Município. O principal tributo da Cidade é o Imposto sobre Serviços (ISS). Para este ano, a Prefeitura estima arrecadar R$ 850,5 milhões e a previsão da Secretaria de Finanças é que 65% desse total venha das atividades desse setor.


Esses números somente são obtidos graças ao empenho de muitos trabalhadores que ajudam na operação desse complexo, que não parou um só dia durante a pandemia de covid-19.


Quem fala com o orgulho do Porto de Santos é o prático Fábio Fontes, de 82 anos, que está na função desde 1969 e foi o responsável por mais de 29 mil manobras. Esse profissional tem a responsabilidade de guiar o navio até o terminal onde deve ficar atracado.


"Testemunhei muita coisa nesses anos e ajudei a construir essa história. A evolução do complexo foi extraordinária após a privatização e o aprofundamento do canal de navegação. Essas medidas foram vitais para chegar à condição de ser o principal porto da América do Sul", destaca.


Presença feminina
Karina Royas Marques é a única mulher entre os cerca de 200 conferentes de carga e descarga do Porto de Santos. Ela está nessa atividade desde 1994, após ter passado em um difícil processo seletivo e não conhecer, de fato, o dia a dia da função.


“O Porto de Santos é a porta de entrada de tudo para o nosso país. Não deixamos de trabalhar em nenhum momento durante a pandemia. Os portuários exercem uma atividade essencial para a sociedade. E os conferentes fazem parte da orquestra e são o maestro disso", diz.


Mais funções
Uma profissão muito importante é o analista de planejamento operacional, que tem a função de acompanhar a operação dos navios após atracar no terminal e planejar com antecedência o que será embarcado ou desembarcado para que seja feito de forma eficiente e segura.


Engenheiro elétrico de formação, Victor Felix Prior admite que não sabia nem o que era contêiner até fazer estágio na antiga Libra Terminais. Hoje, ele atua na Brasil Terminal Portuário. "A gente também tem a responsabilidade de dimensionar a quantidade de equipamentos e quantas pessoas irão atuar na operação", explica.


Tecnologia
O profissional de Tecnologia de Informação (TI) também é peça essencial no setor, conforme explica o gerente Cléber Rufino, que atua na Ageo Terminais. "Hoje, a parte de TI está muito vinculada à gestão estratégica da empresa para a ampliação dos negócios e para melhorar a performance das operações", destaca.


  Foto: Reprodução

Gerações de trabalhadores
Ao longo dos 130 anos, milhares de pessoas trabalharam em atividades relacionadas ao setor portuário e deram a sua contribuição para a construção do maior complexo do gênero do País. Até hoje, é muito comum encontrar várias gerações que seguem atuando nesse segmento.


Esse é o caso de Carlos Alberto do Nascimento Rodrigues, mais conhecido como Patropi. De 1983 a 1985, ele trabalhou como estivador após ser levado pelo pai Élbio, de 81 anos, que atuou por muitos anos nessa atividade.


"Meu primeiro trabalho foi um embarque de café em um navio chinês, em 1983. Foi um sufoco, pois não tinha a manha, mas ganhei um bom dinheiro", lembra.


Patropi explica que não conseguiu continuar, pois para permanecer nessa função no cais era necessário ter a senha ou a carteira preta. Depois disso, começou a exercer a atividade de guarda portuário, mas acabou deixando a função para voltar a atuar como estivador, em 1994, por gostar muito da profissão seguida pelo pai.


"Eu amo ser estivador. Isso faz parte das minhas raízes”. Para ele, a função é gratificante em vários aspectos e exige muita responsabilidade. "É preciso ter muita noção e experiência para exercer a função. Muitas pessoas não têm essa dimensão".


De pai para filho
A Autoridade Portuária de Santos (APS - antiga Codesp e Companhia Docas de Santos) também tem tradição em manter no quadro funcional várias gerações de famílias, como a de Denise Castaldino Amado, que hoje está com 73 anos.


O pai Emílio, que iniciou na empresa em 1946, e o marido Gilson trabalharam na estatal. Em 1º de novembro de 1969, ela iniciou a sua trajetória ao trabalhar na Divisão de Pessoal (atual setor de Recursos Humanos), aos 20 anos. Era um período onde poucas mulheres atuavam no local e que não havia o auxílio do computador.


"Fiz várias funções. Uma delas era cuidar da parte das promoções. Eram várias listas, um trabalho insano. Em 1974, eu trabalhava na admissão. A Docas chegou a ter 14 mil funcionários e em algumas ocasiões entravam 300 funcionários em um dia. Muitas vezes, a gente ficava até as 11 horas da noite para dar conta do recado", lembra a aposentada, que trabalhou na empresa até 1995 e guarda até hoje o crachá.


Em junho de 2012, a terceira geração da família ingressou na companhia: Bruno, um dos filhos de Denise, começou a trabalhar no local como técnico portuário, após ser aprovado em um concurso público e deixar a atividade que exercia em um shopping.


"Fiquei um tempo na secretaria de gabinete e depois encaminhado para a Fundação Centro de Excelência Portuária (Cenep). A empresa onde trabalho hoje é bem diferente e o perfil dela mudou. Hoje não chega a 1.000 funcionários".


Após a Cenep ser transferida para o prédio da SPA, ele foi trabalhar no setor de gestão de carreira, onde a mãe atuou no passado.


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