Policiais protestam contra reforma da Previdência e fazem denúncia
Eles questionam regras de acesso à aposentadoria e coletes à prova de balas vencidos
Policiais civis foram às ruas do Centro de Santos, nesta segunda-feira (15), protestar contra a proposta de reforma da Previdência apresentada pelo governador João Doria (PSDB). Eles também chamaram a atenção para outra situação: a categoria tem trabalhado com coletes à prova de balas vencidos.
“A gente constatou que todos os coletes encontram-se vencidos desde 2018. Notificamos o Estado em setembro. Acho que houve tempo suficiente para que fosse tomada uma providência”, diz o presidente do sindicato da categoria (Sinpolsan), Márcio Pino.
Ele diz ainda que o caso já foi parar no Judiciário. “Ingressamos com ação, porque o policial está correndo risco ao sair em operação e o seguro de vida pode nem ser pago pela seguradora nessa situação”.
Esse não seria o único problema enfrentado no dia a dia, denuncia Pino. Segundo ele, os profissionais não receberam as diárias da Operação Verão do ano passado. “São cerca de R$ 3 mil por policial, que o Estado não paga. Sem contar as viaturas sucateadas e a falta de estrutura e de policiais”.
Pelos cálculos do sindicato, há uma defasagem de 30% nos quadros da Polícia Civil na região, o equivalente a 420 policiais.
União
O ato desta segunda-feira (25) foi reforçado pelos servidores do Judiciário, que também estão preocupados com as mudanças nas regras das aposentadorias e pensões.
A proposta foi encaminhada à Assembleia Legislativa no dia 13 e tramita em caráter de urgência. De acordo com Pino, o governador teria dito, em campanha, que a reforma seria desnecessária.
“Haja vista que seu antecessor (Geraldo Alckmin), que é do mesmo partido, havia solucionado o problema. A gente pagava 6% e passamos para 11%. Agora, a toque de caixa, ele muda de ideia e vem com essa maldade”.
A presidente da Associação dos Trabalhadores do Poder Judiciário (Assojubs), Regina Helena Assis, diz que a categoria está preocupada, principalmente por conta das elevações da idade mínima e do desconto para a Previdência, que passará a 14%.
“Triplicou o número de servidores pedindo aposentadoria. Quem está prestes a se aposentar também acelera o processo com medo das mudanças”.
Com a mobilização, o Governo Estadual já enfrentou dificuldades na Assembleia, afirma a deputada Adriana Borgo (PROS), que esteve em Santos para participar das mobilizações.
“Conseguimos obstruir, hoje (ontem) de manhã, por falta de quórum, as quatro reuniões de comissões que seriam realizadas. É necessária uma reforma na Previdência, mas ela tem de ser justa e debatida. E não passada como rolo compressor”.
Governo defende regras previdenciárias
Procurado por A Tribuna, o Governo do Estado informou, em nota, que a reforma da Previdência segue os moldes do que foi feito pelo Governo Federal e que ela é essencial para manter o equilíbrio fiscal e “recuperar a capacidade de investimento em setores como saúde, segurança e educação”.
Informou ainda que, em 2018, o rombo previdenciário foi de R$ 29,5 bilhões. Mas, com as mudanças nas regras de aposentadorias e pensões, haverá uma economia de R$ 32 bilhões em dez anos.
Quanto às diárias da Operação Verão e os coletes vencidos, o Estado disse apenas que “pagou os bônus que estavam atrasados desde 2018 e reforçou o policiamento com a compra de armas e equipamentos, dentre eles 8.293 coletes, com investimento de mais de R$4 milhões”.
Contudo, não informou, apesar dos questionamentos da Reportagem, quantos deles vieram para a região.