Paixão por motos une colecionadores e admiradores em Santos: 'A minha veio antes da bicicleta'

Décima edição do Moto Classic aconteceu no sábado (30)

Por: Júnior Batista  -  31/07/22  -  08:44
Atualizado em 31/07/22 - 13:40
O professor e empresário da educação Marcelo Rodrigues, de 49 anos, estava com seu modelo Royal Enfield
O professor e empresário da educação Marcelo Rodrigues, de 49 anos, estava com seu modelo Royal Enfield   Foto: Matheus Tagé/AT

Não é só um meio de locomoção: é uma paixão pelos detalhes que move os aficionados por motocicletas que se reuniram nesta sábado (30), na 10ª edição do Moto Classic, que levou centenas de amantes de modelos antigos sob duas rodas ao Valongo, em Santos.


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O professor e empresário da educação Marcelo Rodrigues, de 49 anos, estava com seu modelo Royal Enfield, inspirado em motos de guerra da década de 1940. Ele instalou um sidecar — o assento ao lado — e um semirreboque na moto.


“Ela remete a um modelo que foi usado na Inglaterra em 1947. Eu tentei copiar, na medida do possível, tudo que havia na época”, diz ele, que a comprou há um ano e meio.


O modelo foi desenvolvido em 1942 para o exército britânico na Segunda Guerra Mundial. Era conhecido como Pulga Voadora porque era, literalmente, arremessado aos campos de batalha de paraquedas. Também era leve e robusto.


“Eu quero fazer uma trilogia. Esta (a dele) era usada pela Marinha. A azul era usada pela Aeronáutica, e a verde, pelo Exército. Essa é de um bege típico da Marinha. Cada uma tem sua característica única”, afirma.


Marcelo diz que a paixão veio na infância. O pai também era motociclista. “Antes de ter bicicleta, eu tive uma moto”, relata ele, que sempre vai a eventos quando há oportunidade.


Os amigos Mauro Martins, de 62 anos, Ricardo Rossit, de 60, e Ronaldo Duarte, de 61, compartilham essa paixão desde a infância.


10ª edição do Moto Classic levou centenas de amantes de modelos antigos sob duas rodas ao Valongo
10ª edição do Moto Classic levou centenas de amantes de modelos antigos sob duas rodas ao Valongo   Foto: Matheus Tagé/AT

Martins, que é aposentado e mora em São Vicente, trouxe uma Bonneville T100 que possui há cinco anos. O modelo 2015 virou sua paixão após uma viagem para Las Vegas, nos Estados Unidos.


“Tenho moto desde os 18 anos. A moto é liberdade”, afirma ele, que possui outro modelo para “o dia a dia”.


O engenheiro Ricardo Rossi, da Capital, tem uma Kawasaki Z900RS. Ela faz parte da linha Z, que na década de 1980 teve um de seus modelos famoso no mundo todo: o GPZ900, utilizado no filme Top Gun: Ases Indomáveis e pilotado pelo astro norte-americano Tom Cruise.


“Esta eu tenho faz 30 dias. O design é antigo, com releituras modernas. Quem viveu a época sabe da vontade de ter uma dessa, que, no período, era caríssima”, relata.


Amigos do Bairro Tatuapé, em São Paulo, sua paixão nasceu no quintal de Ronaldo. “Me apaixonei quando fui à casa dele, onde tinha uma lata de tintas com várias peças, e a gente começou a montar”, lembra.


Rossi ganhou sua primeira moto ainda jovem, uma Yamaha modelo RD 50 — o primeiro montado no Brasil, em 1974. “Lavando muito carro aos sábados, ganhei depois uma RD 200 (também Yamaha)”, comenta.


O engenheiro Ronaldo Duarte é “quem ganha”, segundo os amigos, na paixão. Ele arrancou uma janela de casa para fazer uma rampa de acesso para a sala. É ali que estão “estacionadas” suas outras motos.


Na coleção, estão, por exemplo, a sua preferida, a Top 110, e uma CBX 750 Sete Galo — apelido que vem da junção dos números sete e 50: esse é o do galo no jogo do bicho.


Rossi lembra que “a 125 tem uma história. Éramos amigos, e o pai dele (Duarte) deu uma moto dessas para ele, mas tinha medo de ele acelerar muito. Então, ele desmontou, levantou o cabeçote, a moto ficou lenta, falhava. Nós desmontamos a moto inteira e só fomos descobrir isso 20 anos depois”.


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