Pai de jovem morto em ponto de ônibus mantém viva memória do filho após 4 anos: “Saudade”
Luann Oshiro foi assassinado durante uma tentativa de assalto em 2015, no Gonzaga. Neste sábado (19), atividades relembram a história do adolescente
Quatro anos, um sentimento: saudade. É assim que Paulo Oshiro, de 49 anos, relembra a memória do filho, Luann Oshiro, morto aos 18 anos durante uma tentativa de assalto em um ponto de ônibus em 2015, no Gonzaga, em Santos.
O comerciante conta que todos os anos, depois da morte de seu primogênito, no dia 19 de outubro são realizadas atividades que refletem o acontecimento e alertam para uma campanha de combate à receptação.
Neste ano, em Santos, acontece a pintura do ponto de ônibus em que Luann foi morto e a uma missa às 19h na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em celebração ao jovem. Já em Viçosa, cidade mineira em que mora o irmão de Luann, Noah Oshiro, também ocorrem atividades esportivas e culturais em memória do adolescente morto.
“Em todos esses anos, a gente fez paralelamente entrega de presentes, de 4 a 5 mil brinquedos para as crianças. Neste ano, entregamos no Dia das Crianças, 12 de outubro”, diz. Ele conta que esses materiais são entregues em entidades e creches da região.
Além disso, Paulo conta que resolveram refazer a pintura do ponto de ônibus depois de dois anos no local, pois com o tempo ela foi descolorindo e ficando mais opaca.
“Desde a partida do Luann, muitas pessoas me procuravam e falavam que passavam em frente ao ponto de ônibus e diziam que ficavam tristes. E isso estava me incomodando, porque eu não queria que as pessoas ficassem tristes, até porque o Luann sempre foi um cara muito alegre. Além disso, ficar triste não iria resolver nada, eu queria que as pessoas ficassem conscientizadas e levassem a campanha de combate a receptação a diante. Pois quando você compra um objeto de origem duvidosa, alguma pessoa acaba pagando, geralmente com a vida”.
O comerciante ressalta ainda que precisou procurar a CET- Santos e a Piracicabana para pedir autorização para realizar essa manifestação. “As pessoas não precisam ficar tristes, e sim conscientizadas, é isso que leva a imagem do Luann”, finaliza.
Paulo Oshiro organiza também, desde a partida de seu filho, o projeto social Luann Vive. A iniciativa visa fortalecer a campanha de combate à receptação, e desenvolver trabalhos sociais em prol da comunidade. Quem quiser, pode acompanhar o trabalho nas páginas Facebook e Instagram.
Relembre o caso
O estudante Luann Oshiro foi assassinado durante uma tentativa de assalto em Santos, na madrugada de uma segunda-feira, dia 19 de outubro de 2015. O jovem, de 18 anos, estava em um ponto de ônibus com duas amigas, depois de sair de uma festa em um bar, quando foi abordado. Oshiro era natural da cidade de Ichihara, no Japão, e morava no Brasil há 14 anos com os pais e um irmão mais novo.
De acordo com informações da polícia, Oshiro havia acabado de sair do evento, por volta da 1h, quando foi abordado por dois suspeitos que estavam em bicicletas e anunciaram o assalto na Avenida Francisco Glicério, no Gonzaga.
Segundo testemunhas, o estudante não reagiu após a abordagem. Assim que ele se levantou do ponto de ônibus para entregar os pertences, um dos assaltantes acabou se assustando e atirou contra o rapaz uma única vez.
Após o disparo, os criminosos fugiram e viaturas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) foram acionadas. Oshiro chegou a ser encaminhado para a Santa Casa de Santos mas não resistiu aos ferimentos e acabou morrendo a caminho do hospital.