Mulher leva laços sem pagar e deixa bilhete em Santos: 'Não sou ladra. Peguei para comprar comida'

Artesã Aline Mendes se emocionou com o recado encontrado no último sábado (16)

Por: Carolina Faccioli  -  21/10/21  -  10:39
 Bilhete foi deixado no último sábado (16), no Boqueirão
Bilhete foi deixado no último sábado (16), no Boqueirão   Foto: Arquivo Pessoal

O que era pra ser apenas mais um dia de trabalho acabou se tornando uma surpresa emocionante para a artesã Aline Ketline Mendes, de 31 anos, no último sábado (16). Tudo porque ela recebeu um bilhete no meio das mercadorias que vende no bairro Boqueirão, em Santos. "Não sou ladra, peguei o laço para vender na vizinha e poder comprar comida para minha família. Vou te pagar assim que der", dizia o bilhete.


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Aline conta que montou uma mesa, que chama de Mesa da Honestidade, em um comércio do bairro. No local, ela deixa uma placa com o valor dos laços para cabelo e as mercadorias, permitindo que os próprios clientes coloquem o dinheiro no local, sem supervisão. No entanto, essa foi a primeira vez que um bilhete com esse tipo de mensagem foi deixado.


A confecção dos laços começou há três anos, quando a empreendedora saiu do trabalho ao descobrir que estava grávida e percebeu que esses itens eram caros. Durante a pandemia, ela decidiu colocar a Mesa da Honestidade nas ruas para conseguir vender, mesmo sem contato com os clientes. "Hoje, eu e meu marido trabalhamos com os laços e 100% da nossa renda vem desses itens".


Sempre no final da tarde, por volta das 18h, a artesã recolhe a mesa para fazer as contas de quanto vendeu. No sábado, ela se deparou com a carta e se surpreendeu. "Receber uma carta no lugar do dinheiro foi triste, pois mostra que a situação do País não está boa, mas ao mesmo tempo mostra que as pessoas são honestas, mesmo enfrentando dificuldades".


Outra situação que surpreendeu Aline foi ver que a moça que retirou os laços deixou um telefone no bilhete. No entanto, a artesã optou por não procurá-la. "Foi uma mistura de tristeza muito grande ao ver de perto que a situação das pessoas está difícil, e ao mesmo tempo uma esperança, pois essa mulher poderia levar os laços embora e não se identificar, mas ela se identificou".


Agora, a artesã aguarda o contato da mulher e pensa até em propor uma parceria para ajudar na renda da família. "Tenho certeza que ela vai entrar em contato. Vou propor a ela a revenda dos laços, de maneira correta".


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