Moradores dos morros devem deixar casas no caso de insegurança, diz geólogo
Profissional da Defesa Civil de Santos alerta se tratar de uma ação preventiva e dá orientações
A tragédia que assolou a região e, principalmente, os morros da Baixada Santista, entre a noite de segunda (2) e a madrugada de terça-feira (3), acendeu todos os alertas dos governos e órgãos que participam das ações. O geólogo da Defesa Civil de Santos, Marcos Bandini, orienta: “Preventivamente, na dúvida quanto à segurança do local, saiam de casa e nos liguem para uma avaliação”. O telefone é o 199.
Há anos não são registradas ocorrências dessa magnitude na região. O temporal deste começo de mês, inclusive, já figura entre os três maiores desastres naturais na Baixada. A última morte em decorrência de escorregamentos aconteceu em 2000, de acordo com Bandini.
Apesar de todo o trabalho realizado pelos órgãos para reduzir o número de vítimas nos morros em dias de temporais, “todas as orientações e alertas foram insuficientes”, segundo o geólogo.
“Temos muito que aprender com o que aconteceu. Devemos estar preparados para eventos desse porte, que, infelizmente, estão se tornando mais frequentes, também pela questão das mudanças climáticas”, disse.
Poderia ser evitado
Um deslizamento no Morro São Bento, em Santos, destruiu moradias e deixou cinco pessoas soterradas, um casal e três crianças. Todos estavam na mesma casa. O incidente, é fato, ocorreu após o temporal entre segunda e terça-feira, mas, de acordo com o geólogo, poderia ter sido evitado, se a população seguisse algumas orientações quanto à destinação das águas pluviais e servidas (de esgoto).
Ele explica que a região está em uma área de monitoramento constante da Defesa Civil. “Não é uma situação de condenação [das casas], mas de avaliação”. O trecho, no entanto, é citado por ele como sendo de “maior risco”. Os imóveis próximos ao escorregamento foram interditados.
“Aquelas casas atingidas tinham sido visitadas. Os problemas estão ligados à rua superior da encosta, por conta de irregularidades na destinação de águas pluviais e servidas”.
A Rua Valéria é um exemplo. O trecho, considerado seguro se comparado a outros no morro, pode causar problemas, caso os moradores não adotem certas precauções. “Se as casas lançam as águas dos telhados e as servidas direto na encosta, esta fica instável”.
Ele ressalta que essa situação foi o que “acelerou a instabilidade já natural desse trecho de encosta, que não é dos mais adequados para a moradia”.