Irmãos argentinos são humilhados ao vender doces e empanadas em Santos; produtos foram ao chão
Grupo reclamou da higiene e da receita de família; clientes de um bar se comoveram e pagaram o prejuízo da dupla
Atualizado em 29/09/21 - 07:10
Acostumados a andar quilômetros para vender as empanadas e doces feitos pelos pais, dois irmãos adolescentes nascidos na Argentina passaram por um episódio constrangedor enquanto percorriam ruas de Santos. Segundo testemunhas, um grupo de seis a oito pessoas comprou o produto e reclamou da higiene. Além de humilhar os jovens, eles ainda derrubaram a caixa com outras empanadas que seriam oferecidas aos clientes.
Os irmãos Alexandro Homero Ciancaglini Ullua e Leandro Micael Ullua, de 15 e 14 anos, respectivamente, vendem empanadas argentinas feitas pelos pais. O restaurante da família, no bairro Santa Cecília, na Capital de São Paulo, precisou fechar as portas após problemas financeiros provocados pela pandemia. A família, então, se mudou para Praia Grande, onde tentou reerguer os negócios, "mas o movimento estava muito baixo, começamos a ficar sem dinheiro", lembra Alexandro, ao justificar a venda nas ruas.
Em entrevista para A Tribuna nesta terça-feira (28), o irmão mais velho diz que os pais começaram fazer as empanadas em casa para conseguir gerar renda. "Meu pai aprendeu a receita e faz o recheio. Eu e meu irmão vendemos", conta.
"O restaurante em São Paulo era muito famoso. Tinha gente que vinha da Argentina e de outras partes do mundo. Já na Baixada Santista, a gente recebe muitas encomendas. Planejamos abrir uma loja em Santos". A família atende no instagram @bylu-cheff.
O episódio com os clientes "agressivos" aconteceu em um bar, na rua Tolentino Filgueiras, no Gonzaga, em Santos, na última sexta-feira (24), quando os irmãos já haviam vendido todos os doces e metade das empanadas (salgado). "Eu tinha passado para vender e eles compraram um muffin. Depois, meu irmão passou de novo e disseram que não tinham gostado. Reclamaram da higiene e disseram que a gente era inconveniente por passar ali de novo. Aí, começaram a tirar as empanadas da nossa caixa e falaram mal da receita da nossa família".
"Quando estavam colocando tudo dentro de novo, bem na última, derrubaram a caixa", relembra. As empanadas, envoltas em embalagens, foram pisadas por um dos membros do grupo, sem querer, segundo Alexandro. Cada uma das quatro empanadas seria vendida a R$ 10,00 cada. "Ainda queriam pagar metade do preço do que derrubaram. Queriam pagar R$ 20,00 pela caixa com quatro".
O pai da dupla garante que não havia qualquer problema com os produtos. "Jamais daria comida suja para venderem", afirma o empresário Edgar Homero Ciancaglini. "Foram muito agressivos com eles".
Após verem a confusão, outras duas clientes se sensibilizaram com o ocorrido. "Elas apareceram e ofereceram pagar a metade do valor para ajudar os clientes (que derrubaram as empanadas). Eles se recusaram e ainda disseram que não iam pagar nada. Aí, as meninas pagaram pelo que caiu no chão e depois ainda ajudaram a vender o restante com a gente".
O grupo percorreu outros estabelecimentos na rua Tolentino Filgueiras, conhecida como a rua gastronômica de Santos. "A rua não estava tão movimentada, mas, mesmo assim, vendemos todas", lembra a dentista Luana Cruz Scalet.
"Ele (Leandro) estava chorando muito. Foi uma das piores cenas da minha vida. Nunca tinha presenciado alguém sendo humilhado desse jeito. Era o mínimo que eu e a minha amiga poderíamos ter feito", continua Luana.
