História de família de Santos com filhos down e com paralisia encanta, emociona e vira livro

Criados com amor, dedicação e perseverança, filhos de Rosana Nunes fazem esporte, trabalham e pagam a própria faculdade

Por: Natalia Cuqui  -  25/03/22  -  10:29
Atualizado em 25/03/22 - 10:37
Rosana escreveu um livro sobre sua família e chegou a expor em Curitiba
Rosana escreveu um livro sobre sua família e chegou a expor em Curitiba   Foto: Arquivo Pessoal

Na semana em que se comemora o Dia Internacional da Síndrome de Down, celebrado na segunda (21), A Tribuna traz nesta sexta-feira (25) a história de vida de Rosana Nunes. Moradora de Santos, ela é mãe de dois homens com síndrome de down e um com paralisia.


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Nascida em São Paulo, Rosana mudou para Santos em 2014. O intuito da mudança era o de buscar uma melhor qualidade de vida aos filhos. E a estratégia deu certo, pois os três se adaptaram rápido ao litoral de SP e, desde pequenos, participam até de esportes adaptados.


"Santos nos acolheu de uma forma imparcial e atendeu a todas as nossas necessidades. É uma cidade que inclui de verdade".


A gratidão pela cidade é tanta que Rosana resolveu retribuir o carinho e retratar sua história de vida no livro "Hoje Só Gratidão", lançado em 2018. O sucesso foi tão grande que ela resolveu produzir uma segunda edição, em dezembro de 2021, com dois novos capítulos e histórias ricas em detalhes.


"O nome do livro surgiu pela minha visão e maneira de encarar os fatos. A fé e a gratidão são fundamentais para vencer obstáculos. A gratidão que falo no livro é de algo muito maior: ampliar a visão, olhar nossas dificuldades de maneira positiva, ressignificar algo ruim ou difícil em algo maior, de grande aprendizado".


Primeiro filho de Rosana, hoje com 32 anos, Lucas nasceu em meio aos anos 80 - quando ainda não haviam tantas informações sobre a síndrome de down.


Rosana é mãe de dois filhos com síndrome de down; um deles foi adotado por ela
Rosana é mãe de dois filhos com síndrome de down; um deles foi adotado por ela   Foto: Arquivo Pessoal

"Quase não víamos um Down circulando. Hoje graças a Deus e aos avanços naturais e leis que asseguram os direitos da pessoa com deficiência, esse quadro mudou. Tivemos muitos problemas para incluir o Lucas, essa foi a parte mais difícil".


Onze anos depois, Rosana deu à luz Matheus - que nasceu prematuro de seis meses em um parto de emergência. Por falta de oxigenação no cérebro, ele foi diagnosticado com paralisia cerebral. Foi aí que ela precisou tomar a decisão de parar de trabalhar como produtora executiva.


"O meu ganho na época não sustentava a família, o do meu marido sim. E assim, eu fiquei. Foram 19 anos de dedicação total a criação, desenvolvimento e tratamentos dos meus filhos", conta.


Além dos filhos biológicos, Rosana também adotou Vicente - que hoje está com 34 anos. Ela o conheceu quando seu filho Lucas frequentava um programa de estímulo à pessoa com deficiência. Após o falecimento da mãe de Vicente, ele foi para um abrigo e sofreu abusos. Foi então que Rosana decidiu adotá-lo.


"Conversei com o meu marido, ficamos tocados com a situação do Vicente, que agora só tinha a nós. Ele já era agregado à nossa família e rotina, então assim foi feito".


Hoje, Vicente trabalha em uma cafeteria no Gonzaga. Matheus, que está com 21 anos, trabalha e paga sozinho sua faculdade de computação. "Meus meninos foram crescendo e ganhando asas para conquistar o espaço deles no mundo".


Hoje Só Gratidão
De início, Rosana não pensava em escrever um livro, mesmo ouvindo de várias pessoas que a história da família deveria ser escrita.


"Acabei aceitando esta ideia com o passar do tempo e fiz um curso para transformar minhas experiências como mãe de três rapazes atípicos em um livro".


A princípio, a tiragem seria de 500 exemplares - mas foram vendidos mil livros. Ela conta que não teve ações de marketing e os exemplares foram vendidos apenas no boca a boca. O sucesso foi tão grande que o livro foi exposto em um evento de Curitiba, no Paraná, onde até palestrou.


O próximo passo da família é comprar um motorhome e sair rodando pelo Brasil durante um ano sabático, divulgando o livro e mostrando como está a acessibilidade em outras cidades do país.


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