Feirantes de Santos evitam repassar inflação nos preços ao consumidor: 'Eles não conseguem comprar

Para não perder a freguesia e o produto, muitos estão baixando e até zerando a margem de lucro

Por: Júnior Batista  -  29/07/22  -  18:50
Com inflação em alta, feirantes têm que se desdobrar para manter a freguesia
Com inflação em alta, feirantes têm que se desdobrar para manter a freguesia   Foto: Susan Hortas/PMS

A alta da inflação e a queda no poder de compra espantou os clientes das feiras na avaliação dos comerciantes e também de quem frequenta o espaço. Para segurar os preços e não perder a escassa freguesia, muitos deles estão baixando e até zerando as margens de lucro.


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O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do País, acelerou para 0,67% em junho, após alta de 0,47% em maio, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É a maior taxa para um mês de junho desde 2018, quando ficou em 1,26%. Em 12 meses, o IPCA atingiu 11,89%.


O produtor de bananas Laudo Nunes, de 55 anos, diz que reduziu sua margem de lucro de 50% para 10% em alguns casos para trazer os clientes de volta. “Não dá para repassar tudo ao consumidor, se não você perde”, diz ele.


De acordo com o Índice de Preços ao Consumidor (IPC/Fipe), a banana, por exemplo, acumula alta de 21,02% em 12 meses. De janeiro a julho, o preço é considerado estável, com ligeira queda de 0,22%.


O feirante Antônio Neves, de 68 anos, concorda. Ele atua há 40 anos na feira e diz que os preços de atacado, em geral, subiram, mas essas altas não podem ser totalmente repassadas. Nesta quinta-feira (28),A Tribuna esteve na feira livre da Vila Belmiro, em Santos, e notou pouco movimento entre às 9h30 e às 11 horas.


“Está assim sempre, as pessoas perderam emprego, renda. Não conseguem comprar”, diz ele.


A aposentada Cleide da Silva, de 71 anos, aproveitou as mexericas mais em conta, ontem. Mas, a cada semana, vê o dinheiro valer menos. “Só compro o básico e o que está mais barato. Não tem o que fazer”, diz.


A professora Rita Seguin, de 46 anos, começou a frequentar a feira recentemente, mas percebe os preços altos. “As verduras estão um absurdo”. Segundo o IPC, de janeiro a julho as verduras acumulam alta de 40,66%. Em 12 meses, são 50,50%.


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