Evento japonês reúne milhares de pessoas em Santos

Céu aberto e temperatura de 28 graus. Muitas crianças correndo e brincando sem parar. Pessoas de todas as idades conversavam de forma descontraída. Várias famílias estavam fugindo do sol, permanecendo sob tendas ou guarda-sóis, enquanto permaneciam sentadas em cadeiras de praia ou em cangas.

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Em um primeiro momento, muitos leitores devem pensar que a descrição acima é da orla santista. No entanto, as observações são uma breve descrição do Undokai, tradicional evento promovido pela comunidade japonesa e que foi realizado, neste domingo (1º), na Associação Atlética dos Portuários de Santos.

Após dois anos sem promover essa atividade de forma presencial, devido à pandemia de covid-19, essa iniciativa teve sua 69ª edição e reuniu milhares de pessoas, que tiveram a chance de vivenciar e conhecer melhor a tradição nipônica.

O Undokai – palavra japonesa que significa “reunião/encontro de exercícios” - é um evento social e esportivo que tem origem nas escolas de Educação Infantil do Japão. O objetivo é propiciar atividade física para as crianças e interação com as famílias. Esse hábito foi trazido para o Brasil.

No Município, esse evento é organizado pela Associação Japonesa de Santos. “Nossa missão é trazer os idosos para acompanhar essa festa, chamar as famílias, realizar várias provas para a garotada e levar um pouco da nossa cultura aos demais moradores da nossa região”, afirmou o presidente da instituição, Sadao Nakai.

O comerciário aposentado Luiz Carlos Tomaiosy estava atuando como voluntário no evento e empolgado com a grande presença de público. “Estava ansioso por participar deste encontro após dois anos. Não esperava ver tanta gente por aqui”, frisou.

A estudante Iasmin Moura Alves, de 13 anos, esteve pela primeira vez no Undokai a convite de uma amiga e gostou da experiência. “Foi muito legal participar das gincanas e conhecer um pouco mais das lutas e da cultura japonesa”, disse.

Durante a atividade, o historiador e doutor em Educação Rafael da Silva e Silva lançou o livro A história da Educação Japonesa na Baixada Santista e Vale do Ribeira. A publicação é o resultado de dez anos de pesquisas. A origem desse estudo foi a colônia japonesa no bairro Saboó, em Santos, que mantinha uma escola.

“A Escola Japonesa de Santos, localizada em um casarão na Rua Paraná, era a responsável por esse ensino nessas regiões, encaminhando professores e material didático para outras escolas menores. Esse espaço foi confiscado pelo Governo Federal (durante a Segunda Guerra Mundial) e ele não mantinha um acervo, uma sistematização dessa história”.

Do Japão para Santos

Há 13 anos vivendo em Santos, Mayu Sugimoto, de 22, morava na cidade de Hikone, localizada na Província de Shiga, que fica próxima a Kyoto, a antiga capital do Japão. Hoje, ela dá aulas de japonês na Cidade.

Ela faz parte do grupo de cinco docentes que ensina essa língua, na Associação Japonesa de Santos, para cerca de 100 estudantes das mais variadas idades.

A professora admite que aprender japonês é uma “tarefa desafiadora” e muitos ficam assustados ao verem os ideogramas (símbolos do alfabeto japonês). Segundo ela, é preciso saber, pelo menos, de 2 mil a 3 mil ideogramas para conseguir ler um jornal ou acompanhar o noticiário.

Ela citou que muitos jovens procuraram a escola por conta da influência dos animes e dos mangás (desenho em quadrinhos de origem japonesa). “Há também adultos que querem aprender para conhecer mais sobre a nossa cultura”.

Mayu disse que muitos alunos do curso de japonês ajudaram na preparação do Undokai. “A intenção dessa atividade é a integração da família e dos amigos, e proporcionar diversão para as crianças”.