Em processo de modernização, Porto de Santos se prepara para nova década
Especialistas citam as habilidades necessárias para quem deseja atuar neste segmento
Provavelmente você já ouviu falar no Porto 4.0, que seria a versão mais desenvolvida nos âmbitos tecnológico e operacionalmente de um complexo portuário e seus terminais. Apesar desse cenário, as pessoas continuarão como protagonistas da verdadeira revolução digital do Porto.
Para o professor da Universidade Santa Cecília (Unisanta) e especialista em gestão de terminais portuários Helio Hallite, esse processo não começou agora. “As grandes mudanças aconteciam lentamente. Nada comparável à celeridade alucinante do século 21”.
É importante ter em mente que o profissional 4.0 do setor portuário será formado por “pessoas com relevância sobre as ferramentas tecnológicas existentes. Conhecer profundamente a sistemática das gestões administrativas e operacionais”.
Vale pensar o ambiente das operações portuárias num cenário de até 30 anos, “Envolve a compreensão do sistema econômico e o desenvolvimento regional e mundial”, diz.
Também reconhecer cada processo que envolva navios, demais modais de transportes e equipamentos e suas evoluções. “O mundo, em breve, não utilizará mais o petróleo como fonte de energia. Navios serão impulsionados pela força dos ventos em conjunto com a energia solar. Sem contar carretas, guindastes autoguiados – realidade em vários portos”.
Para o consultor Hudson Carvalho, é preciso ter mais qualificação profissional. “E entender que o futuro nos reserva a necessidade de enxergar os cargos como elementos da gestão estratégica das empresas portuárias, considerando que eles possuem três dimensões a serem consideradas: a contribuição que gera para os resultados do negócio, as competências técnicas dos ocupantes e as competências comportamentais”.
A pergunta de um milhão
Mas, afinal, quais seriam as novas profissões do setor portuário, resultado dessa intensa revolução? Hallite cita o Fórum Econômico Mundial para chamar atenção à reflexão sobre três situações. “Os dez empregos mais procurados na atualidade não existiam há dez anos. Nos próximos 20 anos, 50% da força de trabalho humana será substituída por robôs e aplicativos e 42% das principais habilidades exigidas pelos empregos de hoje mudarão até 2022”.
Hallite recomenda fazer uma lição de casa. “Responda o que sabe sobre smart ports, green ports, terminal operating system, vessel health monitoring, command centre, cargo and transport tracking, smart parking e gate automation. Não fiquem bravos. Nós, professores adoramos uma lição de casa”, brinca.
Profissional deve ser 'autogestor'
Hoje, as pessoas em todas as empresas precisam se familiarizar com sistemas e isso não é diferente no Porto. Para a psicóloga Rita Zaher, mestre em Administração e especialista em Desenvolvimento Emocional, com o avanço do e-commerce, as questões logísticas se intensificaram.
Para ela, o profissional da nova década também precisa fazer o autogerenciamento, para que se desenvolva numa carreira promissora. “Alguns cargos administrativos estão em home office e uma nova função em alta é o gestor de home office. O profissional precisa saber administrar bem seu tempo e ter responsabilidade total com sua tarefa, fazendo a autogestão”.
Ela cita que isso não dispensa uma boa comunicação e o profissional desta área também é de suma importância. “Muitas pessoas estão distantes e precisam processar as informações de maneira homogênea. É importante ser multifuncional, uma vez que os quadros estão reduzidos e é importante ser protagonista, assumindo as atividades por inteiro”.
Rita frisa ser necessário analisar o mercado, olhar o meio ambiente para novas estratégias e inovar. “Tudo isso é fundamental, uma vez que estamos sob constantes ameaças econômicas, muitas causadas por questões ambientais. Não podemos nos esquecer da importância do comportamento e principalmente da inteligência emocional, pois estamos caminhando a um mercado mais enxuto”.