Dobra o número de casos de intoxicação por remédios em Santos

Dado preocupante foi divulgado pela Seção de Controle e Orientação em Intoxicação (Secoi) da Secretaria de Saúde

Por: Redação  -  06/05/22  -  07:48
Atualizado em 06/05/22 - 14:26
Em 2021 foram registrados 129 casos no mesmo período
Em 2021 foram registrados 129 casos no mesmo período   Foto: Reprodução/TV Globo

Os medicamentos que podem ajudar na cura também representam riscos quando utilizados de forma inadequada. Um dado divulgado pela Seção de Controle e Orientação em Intoxicação (Secoi) da Secretaria de Saúde de Santos (SMS) indica que foram registrados 264 casos de intoxicação por uso indevido de medicamentos nos dois primeiros meses deste ano.


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De acordo com a Administração Municipal, o número é mais que o dobro do registrado no mesmo período de 2021, quando foram somados 129 casos. Além disso, de todos os atendimentos prestados pela Secoi no primeiro bimestre, 62% são sobre uso indevido de medicamentos, índice ligeiramente acima dos 60% registrados no mesmo período do ano passado.


Segundo o secretário municipal de Saúde, Adriano Catapreta, “a questão reside nas pessoas terem mais cuidado na hora de guardar o medicamento, bem como total vigilância quanto à utilização adequada”.


A Prefeitura aproveitou o dia de Conscientização sobre o Uso Racional de Medicamentos, ontem, para fazer um alerta geral sobre o problema, com atenção para todas as faixas etárias. No caso das crianças, a principal questão se deve à ingestão acidental de medicamentos usados por outras pessoas da família. As doses devem ser aplicadas em locais iluminados, para não prejudicar a visualização do rótulo do medicamento.


Sobre os adultos, a maior parte das intoxicações acontece em função de erro na dosagem do medicamento, reações adversas e ingestão do medicamento errado por troca das embalagens. Esse quadro também é visto em relação aos idosos, que de modo geral usam determinados medicamentos, como os de uso contínuo.


Intoxicações provocadas por pessoas com intenções de suicídio, algo mais comum entre adultos, também geram preocupação nas autoridades de saúde.


Procedimento
Quando constatada a intoxicação, é recomendado que o paciente seja levado a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), se possível com a caixa do remédio que provocou o problema. Estimular o vômito ou ingerir leite não são recomendados.


No caso das crianças, cabe não “romantizar” o consumo do remédio, ao dizer que ele é doce, por exemplo, o que pode estimular seu consumo pelos pequenos.


Ainda de acordo com a Prefeitura, ao longo de 2021, a Secoi atendeu a 2.492 casos de intoxicação. Desses, 1.565 foram por uso incorreto de medicamentos, de forma acidental ou excessiva.


A taxa de todo o ano foi de 63% de casos nos atendimentos. Crianças e pré-adolescentes (até 14 anos) correspondem a 476 dos casos de intoxicação medicamentosa. Os adolescentes (15 a 19 anos) somaram 103 casos; adultos (20 a 59 anos) correspondem a 640 casos; e idosos, a 292.


Especialista fala como se proteger
Marlene Vieira, doutora em Saúde Coletiva e professora do curso de Farmácia da UniSantos, lembra que o Dia de Conscientização sobre o Uso Racional de Medicamentos foi criado para alertar a população quanto aos riscos à saúde causados por um medicamento utilizado de forma inadequada.


“É essencial que o medicamento seja entendido como uma molécula química que tanto pode curar uma doença como causar danos à saúde, dependendo de como será utilizada”, explica.


Ela enumera uma série de cuidados que devem ser tomados. Um deles diz respeito diretamente à automedicação, que deve ser evitada. obedecendo sempre a orientação de um profissional de saúde.


“É importante utilizar os medicamentos de acordo com a dose prescrita, nos horários corretos e pelo tempo indicado. Outra coisa é que o paciente deve esclarecer as eventuais dúvidas. Se não entender a prescrição, o correto é questionar o médico ou o farmacêutico”, frisa.


De acordo com Marlene, o armazenamento de remédios em casa deve ser evitado, com o consumo apenas do que é necessário. Mas, quando for preciso guardá-lo, que seja em lugar seguro, longe do acesso de crianças.


“O descarte de um medicamento vencido não pode ser no lixo comum, pois ainda poderá ser consumido por uma pessoa que tiver contato com esse lixo. Para isso, devem ser usados coletores presentes na maioria das farmácias. E não é recomendável tirar os medicamentos das embalagens originais, para evitar confusão”.


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