Cultura estimulará resgate econômico no País, afirma diretor da Unesco durante evento em Santos
Conforme Ernesto Ottone Ramirez, atividade será um dos motores de recuperação no Brasil e no mundo
A cultura é um dos motores de transformação para a recuperação econômica global no pós-pandemia. Assim vê o diretor-geral assistente de Cultura da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), Ernesto Ottone Ramirez. Para ele, o Brasil ainda é muito carente de fomento à cultura e à economia criativa, que não são tratados como política contínua e permanente
Ottone discursou, nesta terça (19), na abertura da 14ª Conferência Anual da Rede de Cidades Criativas da Unesco, que ocorre em Santos até domingo (24), pela primeira vez na América Latina.
O encontro reúne representantes de 110 cidades de 50 países no centro de convenções da Ponta da Praia, para troca de experiências e informações sobre cultura e economia criativa no contexto das cidades.
O prefeito Rogério Santos (PSDB) se disse orgulhoso pela Cidade receber o evento internacional. No Brasil, há 12 cidades criativas consideradas pela Unesco. Santos é cidade criativa de cinema e única do Estado na rede.
Ativista na luta pelos direitos das pessoas com deficiência e membro do Conselho Consultivo da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down, Samuel Sestaro ressaltou um dos pilares do desenvolvimento sustentável: igualdade e oportunidade às pessoas com deficiência.
Ele lembrou iniciativas santistas que fomentam essa luta, como a primeira escola de surfe adaptado do mundo e o primeiro parque público totalmente acessível da Baixada Santista.
Também ocorre programação artística e cultural no Centro Histórico — no Teatro Guarany, no Museu Pelé, nos Arcos do Valongo, na Casa da Frontaria Azulejada e na Praça Mauá. Mais informações podem ser obtidas no link
Desenvolvimento e ambiente
Ainda no contexto das cidades criativas, o pesquisador Ergon Cugler de Moraes Silva, do Observatório da Universidade de São Paulo (USP), reforçou a necessidade de quebrar o paradigma de que o desenvolvimento e a sustentabilidade não caminham juntos.
Ele destacou como as políticas públicas de governança e participação, ou seja, com políticos e população atuando unidos, alcançam melhores resultados.
Segundo ele, as economias criativas conseguem atuar estruturalmente nas sociedades, combatendo desigualdades sociais, de gênero, racismo e de pessoas com deficiência.
Em sua fala, Silva ressaltou dados que apontam, por exemplo, para a falta de alimentos em 2050 e a necessidade de compromisso com a Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU).
O plano global, lançado em 2015, tem 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Entre eles, erradicação da pobreza, agricultura sustentável, igualdade de gênero, consumo responsável e ações contra a mudança global do clima.
Conforme Silva, tanto grandes empresas quanto pequenos empresários terão papel fundamental. “Na Europa, há empresas de petróleo, por exemplo, que mudaram para economia de elementos sustentáveis, como a energia solar. Mostrar às grandes empresas que não é uma questão de aderir à agenda ou algo do tipo: você economiza não só o meio ambiente, mas seu fluxo de caixa”, diz.