Com medo de retrocesso, sindicato de hotéis pede respeito a protocolos contra covid-19 no feriado

Infectologistas acreditam que aglomerações e pessoas sem máscara podem aumentar casos da doença

Por: Brenda Bento  -  04/09/21  -  06:35
 Presidente do Sinhores está otimista com 1º feriado prolongado após fim das restrições de horário e capacidade
Presidente do Sinhores está otimista com 1º feriado prolongado após fim das restrições de horário e capacidade   Foto: Matheus Tagé/AT

A previsão de 80% de ocupação dos hotéis da Baixada Santista durante o feriado prolongado da Independência fez o Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares (SinHoRes) da Baixada Santista e Vale do Ribeira alertar os empresários do setor e os clientes sobre a necessidade de respeito aos protocolos sanitários contra a covid-19. O maior temor é que haja um retrocesso no cenário envolvendo a doença se as medidas forem ignoradas.


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Segundo o presidente do SinHoRes, Heitor Gonzalez, a previsão de sol para os próximos dias e o fim das restrições de capacidade e horário dos estabelecimentos são uma chance de recuperação para setor. Tanto já existe até uma previsão ainda mais otimista para os próximos dias. "Acredito que com esse tempo maravilhoso, chegue a mais de 90% a ocupação dos hotéis e esse deve ser o nosso normal daqui para frente. A tendência é de alta nos hotéis e restaurantes."


Contudo, mesmo otimista, ele demonstrou preocupação com a euforia que o mercado vive. "Os protocolos continuam tão ou mais importantes do que eram antes. A gente tem aí as taxas de mortes e casos descendo, os índices de vacinação subindo, tudo isso é maravilhoso, mas se houver uma terceira onda, vai ser fatal. A primeira judiou muito o setor, a segunda quase nos matou e a terceira vai, sem dúvida, nos matar."


De acordo com Gonzalez, os protocolos básicos são três: máscara, higiene das mãos e distanciamento. "A gente sabe que vai ser bom, só temos que tomar cuidados para não esmorecer nos protocolos e acontecer o que está acontecendo na Inglaterra ou nos Estados Unidos, com número de casos assustador novamente, devido à variante Delta, porque eles abandonaram os protocolos na sua maioria. Protocolo é o que os empresários e clientes têm que fazer para não voltarmos um, dois ou três passos".


O setor, que vive um grande endividamento devido a postergações dos pagamentos de aluguéis, financiamentos e impostos, precisa de um bom movimento para chegar na temporada de verão com força e conseguir diminuir o prejuízo que teve desde o começo da pandemia, segundo ele.


Geração de empregos
Segundo Gonzalez, os hotéis, bares e restaurantes vêm notado a falta de mão de obra. "A pergunta é: se as pessoas foram dispensadas, onde elas estão? Deveriam estar no mercado para serem recontratadas, mas elas conseguiram outras colocações em empresas que, em momentos da pandemia, estiveram em alta, como construção, supermercados ou farmácias. A nossa mão de obra mais especializada acabou migrando para esses segmentos e hoje temos dificuldades de contratar".


Vírus segue em circulação
Para o infectologista Marcos Caseiro, o fim da restrição de horário e da capacidade dos estabelecimentos comerciais é uma decisão precoce. "É uma maneira de cada vez mais espalhar essa variante Delta. Eu, particularmente, não tenho dúvida que nós teremos uma explosão de casos no final de setembro e até 15 de outubro. Vai aumentar de uma forma muito acentuada. Eu acho que é uma atitude errada, acho que a gente não tem essa tranquilidade."


Caseiro reforçou a importância de manter os protocolos, independente das pessoas estarem vacinadas ou terem tido a infecção. "Essa coisa de deixar de usar a máscara não sairá de nós tão cedo, não há outra medida, não existe remédio preventivo e não existe o que as pessoas poderiam estar fazendo. Eu acho que é importante que as pessoas consigam entender a gravidade que a gente está, ainda não é o momento para abrir tudo, não é o momento para achar que está tudo resolvido."


A também infectologista Raquel Stucchi acredita que, com o cenário desse feriado prolongado, inevitavelmente teremos uma explosão de casos e internações nas próximas semanas. "Um retrocesso muito importante de todo controle que tivemos até agora."


Ela se diz apreensiva com o feriado prolongado. "Nós temos números com melhoras, mas sabemos que a variante Delta está aqui em busca de condições adequadas para se transmitir e isso significa aglomeração e pessoas sem usar máscara. Poderemos ter um reflexo muito negativo dentro de duas semanas, possivelmente".


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