Cães salvos em tragédia de Petrópolis se recuperam dos traumas em Santos
Animais tiveram casas destruídas e perderam tutores por conta das fortes chuvas
Eles viram calados seus lares serem destruídos pelas chuvas e os tutores desaparecerem. Agora, 15 cães resgatados na tragédia de Petrópolis (RJ) se recuperam do trauma e de algumas lesões em Santos. Depois de receberem os cuidados necessários, os cães serão colocados para adoção.
Os animais foram trazidos para Santos por equipes da Organização Não Governamental (ONG) Viva Bicho, que estiveram em Petrópolis entre os dias 23 e 27 de fevereiro. O salvamento dos cães foi realizado pelo Grupo de Resgate de Animais em Desastres (Grad).
A assessora de comunicação da ONG Viva Bicho, Leila Abreu, explica que os animais ficaram abrigados em uma casa vazia em Petrópolis, cedida por uma empresa, antes de virem para Santos. Segundo ela, os cães podem ter visto os tutores e o local onde moravam serem levados pelas enchentes.
"A vinda aqui pra Santos foi bem louca. A viagem foi bem cansativa, durou sete horas. Viemos devagar, não queríamos cansar os animais. Eles suportaram bem. Quando chegamos, imediatamente colocamos eles no ar-condicionado. Chegaram muito ofegantes. Nossa primeira preocupação era equilibrar a temperatura do corpo deles, que ainda está em fase de adaptação", conta Leila.
Passada uma semana do resgate, os cães serão submetidos a exames de sangue, além de tosa e castração. Leila afirma que os procedimentos serão feitos com calma para não sobrecarregar a parte emocional dos animais.
"Vamos fazer exame de sangue em todos. A gente quer fazer tudo com muita calma. Vamos começar os exames, ver quem precisa de tosa, castração, para não sobrecarregá-los mais ainda emocionalmente. O que esses animais passaram de fome, sede, debaixo de escombros, as histórias deles são muito semelhantes", afirma.
Sofia
Um dos animais resgatados foi a cadela Sofia. Segundo Leila, o animal apresentou abalo emocional e um problema na coluna, possivelmente causado por choque em pedras ou troncos de árvores durante a tragédia de Petrópolis.
"Fizemos ultrassom, exame de sangue e descobrimos que ela tem um estreitamento na coluna, proveniente, com certeza, das batidas que ela levou vindo da enxurrada. Vamos começar a tratar com acupuntura. Ela sente muita dor. O trauma emocional já estamos cuidando, falando em tom baixo com ela, com movimentos leves, evitando encará-la. A história dela é muito triste", relata a assessora.
Depois de receberem os cuidados necessários, os cães serão colocados para adoção. A assessora afirma que será realizado um evento com o intuito de que os animais consigam novos tutores.
Tragédia em Petrópolis
As fortes chuvas que atingiram a cidade carioca no dia 15 de fevereiro provocaram, até o momento, 233 mortes, conforme divulgado pela Prefeitura. Quatro pessoas continuam desaparecidas.
As enchentes provocaram a destruição de residências e deixaram famílias desabrigadas. Mais de 2 mil pessoas estão mantidas em abrigos, escolas e instituições.
