Bebê com doença no coração espera por cirurgia em Santos há um mês: 'Ela quer lutar'

Médicos chegaram a dizer que Mariana, hoje com 5 meses de vida, não sobreviveria mais de dois dias após o parto

Por: Bruno Almeida  -  29/10/21  -  07:29
 Com cinco meses de vida, bebê precisa de cirurgia para poder deixar hospital
Com cinco meses de vida, bebê precisa de cirurgia para poder deixar hospital   Foto: Arquivo pessoal

Uma bebê de apenas 5 meses de vida e com um problema cardíaco de nascença aguarda há mais de um mês por uma cirurgia. O procedimento é o único meio para que ela possa sobreviver e deixar o Hospital Guilherme Álvaro (HGA), em Santos, onde está internada. Mariana Mell Amaral Santos Demésio nasceu em maio e nunca deixou a unidade, porque seu coração não teria força para mantê-la viva.


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Mãe de Mariana, Solange Amaral Santos conta que os médicos que a atenderam durante a gestação não acreditavam que a criança sobreviveria "mais do que dois dias". Aos 43 anos, Solange diz que nem esperava ficar grávida. "Com 22 semanas de gestação, descobri a doença dela. Levei a gravidez com todo amor do mundo, mesmo quando diziam que a bebê não ia vingar, que nós duas corríamos risco. Se Deus mandou, vamos até o fim".


Mariana nasceu em 7 de maio, com 1,7 kg, abaixo do peso considerado normal. "Os médicos a consideram um milagre", diz a mãe. Após o parto, a bebê foi intubada e passou três meses em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Segundo informado por Solange, a condição que impede a saída da criança do hospital é uma cardiopatia chamada Comunicação Interventricular (CIV).


A equipe médica optou por deixar a bebê traqueostomizada, permitindo que um tubo fosse colocado na traqueia para permitir a passagem de ar e melhorar a respiração da pequena paciente. "Ela fica muito cansada. Tenho medo que ela esteja forçando muito", afirma a mãe.


Segundo Solange, a criança ainda se alimenta por sonda gástrica. "Ela necessita urgentemente da cirurgia para sair dos aparelhos. Ela quer lutar e ficou estável nos últimos dias. Mas, como não tinha vaga para transferi-la a um hospital que fizesse a cirurgia, ela ficou no Guilherme Álvaro".


Em 17 de setembro, os médicos colocaram Mariana na fila de espera da Central de Regulação de Ofertas e Serviços de Saúde (Cross), que organiza a oferta de vagas na rede pública. Em documento, os cardiologistas que atenderam a bebê dizem que ela "segue aguardando vaga com recurso de cirurgia infantil, indisponível neste serviço (no caso, o HGA)".


Enquanto segue na unidade, Solange diz que a filha já contraiu bactérias e fungos, ficando ainda mais fraca. "Os médicos que cuidam dela são excelentes, o hospital, também. Estão sempre um passo à frente de qualquer problema que a neném vem a apresentar. Ela está aqui linda e cheia de vontade de viver e precisa urgente dessa cirurgia".


CIV
A CIV que acomete a bebê é uma cardiopatia congênita, ou seja, acompanha Mariana desde o nascimento. Essa doença é caracterizada por uma abertura na parede que divide os ventrículos, partes do coração que bombeiam o sangue.


O cardiologista Fernando Montaldi explica que esse problema tem de ser corrigido porque "no coração, ocasiona um aumento de tamanho especialmente do átrio e do ventrículo esquerdo. Nos pulmões, esta sobrecarga de sangue aumenta a pressão, o que pode lesionar permanentemente as paredes das artérias pulmonares com o passar do tempo".


Outro lado
Em nota, a Secretaria Estadual da Saúde diz que a paciente recebe assistência adequada para as necessidades clínicas atuais. Além disso, a Cross está monitorando o caso com a finalidade de auxiliar na transferência para serviço de referência.


A central estadual possui um sistema on-line que funciona 24 horas por dia e busca vaga disponível em serviços de saúde do SUS, preferencialmente na região de origem do paciente, com disponibilidade e capacidade para atender cada caso.


"Importante deixar claro que a Cross é apenas um serviço intermediário entre os serviços de origem e de referência. Seu papel não é criar leitos, mas auxiliar na identificação de uma vaga no hospital mais próximo e apto a cuidar do caso", complementa a pasta.


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