Alfaiates de Santos formam novos profissionais e mantêm tradição mais viva do que nunca; VÍDEO
Equipe de A Tribuna entrevistou um profissional com 70 anos de alfaiataria e um jovem iniciante no ramo
Atualizado em 26/05/21 - 15:06
Em tempos de ritmo acelerado de produção de roupas e lançamento de coleções novas a cada estação do ano, a antiga profissão dos alfaiates ainda permanece viva, em Santos, e tem uma proposta pouco comum na moda – o olhar atento para os diferentes tipos de curvas e medidas de cada pessoa.
A equipe de ATribuna.com.br foi em busca de profissionais que ainda exercem o trabalho em Santos e entrevistou um alfaiate de 85 anos, Romeu Lemela, sendo 70 dedicados ao ofício; e também falou com Matheus Azevedo, profissional novo ramo, de 23 anos, que perpetua o legado da costura herdado pela bisavó e duas tias. Confira os detalhes na videorreportagem acima.
Romeu Lemela começou a trabalhar com a criação de calças, ternos e paletós, quando tinha apenas 15 anos, influenciado por um irmão mais velho que já exercia a função. Na época, era uma profissão requisitada, procurada por uma clientela expressiva. “A gente era pobre, tinha que trabalhar e aprender para ter uma vida boa. Antigamente, nós tínhamos até que fugir de freguês, tínhamos muitos serviço para fazer, porque não tinha roupa feita boa, então era tudo alfaiate”.
Ideia que também é compartilhada por Azevedo que costura graças a uma herança de três mulheres especiais de sua família – Deyse Guerra, Dilma Guerra Rodrigues e Dilza Guerra Azevedo. “São roupas feitas para cada pessoa, a gente estuda o corpo da pessoa (...), tem que ter essa noção, de ver a diferença das pessoas e aplicar na modelagem”. E acrescentou que a indústria têxtil atual valoriza à padronização e velocidade de produção. “Hoje, só tem P, M e G. Se a pessoa tiver um problema no ombro, por exemplo, fica mais difícil encontrar uma peça adequada”.
E, aos poucos, o que era necessidade virou motivo de orgulho para o alfaiate, que hoje exerce o ofício na Reimodas Alfaiataria, loja localizada no Centro de Santos, mesmo sem precisar do salário atual. Para ele, o grande prazer da profissão é ver suas peças finalizadas, além de ainda se encantar com a beleza de roupas feitas sob medida, de acordo com cada corpo.
Por fim, Lemela ressaltou o sentimento que tem ao notar uma criação pronta, depois dos processos de medidas, cortes, costura e “prova” de roupa. “Eu faço com muito prazer (...), eu me sinto muito bem quando vejo a roupa pronta, bonita”.