Donos de bares e restaurantes em ‘avenida gastronômica’ de Praia Grande relatam demissões

Medidas restritivas impactaram diretamente nas finanças dos proprietários de estabelecimentos na Avenida Marechal Mallet

Por: Thiago D'Almeida  -  25/03/21  -  13:35

Proprietários de bares e restaurantes da Avenida Marechal Mallet, em Praia Grande, no litoral de São Paulo, precisaram demitir funcionários desde o início da pandemia de coronavírus e sentem cada vez mais o impacto financeiro, uma vez que a Baixada Santista entrou em ‘lockdown’ desde a ultima terça-feira (23). A equipe de A Tribuna foi até a avenida, que tem em seu forte a gastronomia, para conhecer os donos e funcionários de alguns desses estabelecimentos e coletar depoimentos sobre as dificuldades vividas durante o período. Confira a videorreportagem acima.


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O proprietário do “Nabarca Sushi”, Joaquim Loiola Lima Filho, explicou que, antes da pandemia de coronavírus, contava com cerca de 32 funcionários, mas, atualmente, tem apenas quatro registrados. “Atrapalhou bastante [a pandemia]. Temos uma ‘avenida gastronômica’, que é bem procurada e frequentada, mas estamos há um ano esperando [uma melhora]”, explica. “O faturamento está baixo. Hoje, abrirei o ‘delivery’ para uma promoção, mas, se continuar assim, não sei se vai compensar abrir”.


Perguntado sobre as perdas na equipe, respondeu: “Hoje, só temos quatro. Entramos em um acordo com os outros, que estão em casa procurando outro meio de vida”.


Joaquim Loiola Lima Filho tinha 32 funcionários e agora trabalha com apenas quatro
Joaquim Loiola Lima Filho tinha 32 funcionários e agora trabalha com apenas quatro   Foto: Thiago D'Almeida/AT

Por sua vez, Anderson da Cunha Leite, que é funcionário do “Ohata”, também viu colegas serem dispensados por conta da crise financeira. “Afetou bastante, reduzimos os funcionários e o horário. Agora, estamos trabalhando via ‘delivery’”, explica. “Esperamos que em 15 ou 20 dias, tudo possa voltar ao normal, para que possamos abrir a casa. Esperamos sair do ‘lockdown’, mesmo que continuemos reduzidos, mas que possamos voltar ao atendimento presencial. O ‘delivery’ quebra muita gente, é fraco”.


Por sua vez, o proprietário do restaurante “Sol de Verão”, Almir do Carmo Silva, disse que também precisou fazer ‘cortes’ na sua equipe e que “tirou do próprio bolso” para manter alguns colaboradores. “Tínhamos seis funcionários, mas, hoje, estamos com três, sendo que um está de férias”, conta. “[O período de lockdown] mexeu conosco. Antes, trabalhávamos das 9h até 22h, agora, estamos das 9h até 15h. A venda do ‘marmitex’ é pouca, as vezes nem dá para pagar elas [as funcionárias], tiramos do próprio bolso para não mandarmos embora o restante que sobrou”.


Por fim, o proprietário do “Na Skina”, Anderson Molina Nascimento, registrou a dificuldade de ‘competição’ com outros serviços de entrega. “Atualmente, [a pandemia] impactou 100%. Mesmo que trabalhe com o ‘delivery’, não posso competir com alguém que faça a comida em sua casa, sem custo ou funcionários. Eles podem vender muito mais”.


“O problema é financeiro e emocional, pois afeta toda a família a perda de entes queridos. Não sabemos definir aonde vamos chegar, é muito complicado”, diz Nascimento, que, apesar das dificuldades financeiras, apoia o ‘lockdown’. “É uma conscientização muito maior agora do que a que tínhamos antes. Acho que esse ‘lockdown’ é muito importante, mas as pessoas precisam se conscientizar”.


Nascimento também falou sobre as demissões: “Despedimos vários, um está com a luz cortada, o outro está com o aluguel atrasado. Tentamos manter o funcionário, para ajudá-lo, mas não conseguimos, o dinheiro não dá. Para mim, fechado, é maior o lucro. A despesa, [quando o restaurante está] aberto, é muito maior”.


O proprietário do estabelecimento também disse que, para piorar, recentemente foi vítima de um assalto na madrugada. Segundo Nascimento, descobriu a ação dos ladrões através das câmeras de segurança.


Anderson Molina Nascimento relata dificuldades para
Anderson Molina Nascimento relata dificuldades para "competir" com outros serviços de entrega   Foto: Thiago D'Almeida/AT

A equipe de A Tribuna entrou em contato com a Prefeitura de Praia Grande para identificar as medidas da cidade em relação aos proprietários dos bares e restaurantes do local. Confira, abaixo, na íntegra, a nota emitida:


A Prefeitura de Praia Grande ressalta que segue tomando medidas para reduzir o impacto para os setores da economia local que estão sendo afetados devido os desdobramentos da pandemia da covid-19.


Ao longo desta pandemia a Administração Municipal vem adotando duas linhas de atuação: salvar o máximo de vidas possíveis e também manter o funcionamento dos comércios.


Por conta do trabalho preventivo desenvolvido na Cidade e também da estrutura da Saúde existentes para o enfrentamento da covid-19, em determinado momento o Município adotou diretrizes próprios não acatando a faixa do Plano São Paulo e mantendo os comércios abertos.


Infelizmente, com a atual escalada de casos e internações no Município se faz necessário atender a ‘fase emergencial’ do Plano, com a liberação momentânea apenas do funcionamento de serviços essenciais.


A Prefeitura solicita ainda o apoio e a colaboração da população nesta fase tão delicada e importante de enfrentamento da pandemia. Cada um deve fazer a sua parte, usando máscara, álcool em gel e praticando o distanciamento social e saindo de casa apenas para ações essenciais.


Ações


A Prefeitura de Praia Grande está adotando novas medidas para amenizar os impactos da pandemia. A Cidade anunciou, no último dia 12, que mais de 8 mil famílias residentes na Cidade receberão o auxílio de cestas básicas pelos próximos dois meses. A medida beneficiará pessoas que estão em vulnerabilidade social e ainda profissionais de alguns setores da economia.


Outra ação que será detalhada em um novo decreto municipal que deverá ser publicado em breve diz respeito as taxas cobradas pela Prefeitura para liberação de atuação de determinadas atividades. Serão prorrogados até dezembro de 2021 os pagamentos dos alvarás de permissionários e também do comércio em geral.


Nos últimos meses, alguns setores receberam através de recursos próprios da Prefeitura de Praia Grande um auxílio financeiro como, por exemplo, os transportadores escolares. Esses profissionais contaram com três parcelas de auxílio no valor de R$ 1.500.


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