Idosa de 69 anos ‘luta’ para receber vacina no Litoral de SP: 'Apenas para quem tem 68'
Moradora de Mongaguá precisou entrar em contato com autoridades para conseguir imunização que era para público a partir de 68 anos; Maria foi vacinada após três horas de espera
O que era para ser um dia de alegria se tornou de revolta e decepção para Maria Carvalho Donato, de 69 anos, que foi impedida de receber a vacina contra a Covid-19 nesta quinta-feira (1º), na Unidade de Saúde da Família (USF) Pedreiras, em Mongaguá. Após ficar na fila, a idosa foi informada que a vacinação era exclusiva para pessoas com 68 anos. Ela recebeu a primeira dose da imunização apenas depois que o filho entrou em contato com autoridades do Estado, que esclareceram que a vacinação é para idosos com idade a partir de 68 anos.
“Foi muito difícil, fiquei bem triste”, diz Maria Carvalho, que já havia procurado a vacina na semana passada, quando as doses tinham acabado. Revoltado, o advogado Renato Donato publicou a situação da mãe nas redes sociais, onde o caso repercutiu com outras denúncias sobre o mesmo problema. Nos comentários, a população lembrou de idosos que não possuem informações para correr atrás do direito da vacina.
De acordo com Maria Carvalho Donato, ela chegou na USF por volta das 7h30, porém, quando foi chamada para atendimento, foi surpreendida com a informação que a vacinação era apenas para pessoas com 68 anos. “Eu tinha pensado que era para todos que tinham 68 anos ou mais”, explica. Ao chegar em casa, a idosa avisou o filho que não conseguiu se vacinar. “Fiquei bem triste, minha pressão aumentou”, relata a idosa que teve problemas com a pressão arterial recentemente.
Ao receber a mensagem da mãe, Renato retornou ao posto de saúde com Maria. A partir daí, começou a ‘batalha’ para a imunização. De acordo com a família, restavam cinco doses e não havia mais fila, já que outros idosos foram dispensados por ter idade maior que 68 anos. “Um dos senhores tinha 72 anos e ele voltou para casa”, diz Renato. Já Maria destaca a história de uma senhora: “Ela estava tremendo esperando a vacina, que foi negada. Fiquei com muita dó”.
“Entrei em contato com a vigilância sanitária do município e me informaram que essa era a ordem”, explica o filho de Maria. O advogado relata que não se conformou com a situação e entrou em contato com a Secretaria de Saúde do Governo do Estado de São Paulo: “Me informaram que a decisão do município estava equivocada, porque pessoas a partir de 68 anos poderiam ser vacinadas”.
Segundo Renato, ele foi orientado a mandar um e-mail relatando o ocorrido: “Fiz tudo isso na frente do posto”. Além disso, o filho de Maria afirma que recebeu o telefone da Regional da Vigilância Epidemiológica do Estado, então ele entrou em contato e novamente recebeu a informação que a decisão do município estava equivocada.
“Aguardei na frente do posto até receber a informação de que minha mãe poderia exercer seu direito de ser vacinada. Ela recebeu a última dose existente no posto”, finaliza Renato Donato. Maria Carvalho Donato foi vacinada às 10h35, após três horas de angústia. “Até que enfim, depois de muita briga”, enfatizou a idosa logo depois de receber a primeira dose da imunização.
Expectativa da vacina, medo da Covid-19
Em conversa com ATribuna.com.br, Maria explica que não via a hora de receber a vacina: “Depois de tudo que vi acontecer com o irmão e pai do prefeito de Mongaguá [vítimas da Covid-19], fiquei assustada”.
A idosa diz que é vizinha dos parentes do chefe do Executivo: “Vi o sofrimento da mãe. Não quero que minha família sofra minha perda”.
Resposta
A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Mongaguá, que enviou uma nota sobre o assunto. Leia na íntegra:
De acordo com as equipes de Saúde, a paciente em questão foi atendida antes de qualquer movimentação envolvendo reclamações à imprensa. Outros pacientes com idades acima de 68 anos, inclusive, também foram imunizados.