Usando tornozeleira eletrônica, prefeito afastado de Guarujá quebra o silêncio: 'É constrangedor'

Ao Fantástico, da Rede Globo, Válter Suman alegou inocência nos crimes em que é acusado

Por: Da Redação  -  16/05/22  -  07:03
Prefeito afastado, acusado de corrupção, se defendeu em entrevista
Prefeito afastado, acusado de corrupção, se defendeu em entrevista   Foto: Reprodução

O prefeito afastado de Guarujá, Válter Suman (PSDB), falou pela primeira vez desde que deixou o cargo por ordem judicial, no final de março. Ele concedeu entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo, exibida na noite de ontem. Nela, o tucano se defendeu das acusações de corrupção e negou favorecimento a prestadores de serviços da Prefeitura nas áreas da Saúde e Educação. Ele é investigado pela Polícia Federal (PF).


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“Não teve fraude na licitação das merendas e não houve, em nenhum momento, favorecimento, qualquer que seja, às empresas prestadoras de serviço”, afirmou Suman. “(Não fiquei com) nenhum centavo. Quando der início ao processo, haverá a oportunidade de nos defendermos perante o inquérito que foi apresentado pela Polícia Federal”.


O prefeito afastado falou sobre o uso de tornozeleiras eletrônicas, colocadas no último dia 3 nele e na sua esposa, Edna. “É muito constrangedor. Inclusive, estou usando a tornozeleira aqui (durante a entrevista). Estou seguindo todas as medidas cautelares determinadas pelo Judiciário “.


Suman mostrou a tornozeleira que está usando como medida cautelar imposta pela Justiça
Suman mostrou a tornozeleira que está usando como medida cautelar imposta pela Justiça   Foto: Reprodução

Ele garantiu ter apenas uma “ligação institucional” com o empresário Almir Matias, que representava a organização social contratada pela Prefeitura para gerenciar o atendimento nas principais unidades de Saúde de Guarujá entre os anos de 2018 e 2021. “Por ser um prestador de serviços ligado à Saúde, tivemos uma relação institucional. Outra forma de proximidade, ou frequência em casa, não aconteceu”.


Gastos

Válter Suman também deu sua versão sobre os gastos do casal, que segundo a PF seriam incompatíveis com os ganhos formais. Em dois anos, a primeira-dama gastou, entre roupas de grife e joias, mais de R$ 2,7 milhões. Numa conversa com uma vendedora revelada nas investigações, Edna pergunta: “Você consegue vender sem nota fiscal?”. “É uma conduta que ela tomou e isso vai ser explicado, inclusive, na oitiva dela”, disse Suman.


Mensagens trocadas entre o casal sobre cautela no uso de cartões de crédito, supostamente monitorado, também foram justificadas pelo prefeito afastado. “Muitas vezes, a gente quer controlar nossas esposas na aquisição de bens materiais. Então, em algum momento, devo ter sido um pouco mais rigoroso, mas com recursos próprios”.


Sobre as mais de 30 joias encontradas em sua casa, Suman garante que são de origem comprovada. “Ao longo de 40 anos de relacionamento com a Edna, entre namoro, noivado e casamento, sempre a presenteei em datas comemorativas com joias”.


Entenda o caso

Investigação feita pela PF aponta o prefeito afastado e a mulher dele como chefes de uma organização criminosa que atuava na Prefeitura de Guarujá para desviar dinheiro por meio de fraudes em contratações públicas, no âmbito da Operação Nácar-19, cuja primeira fase foi deflagrada em setembro do ano passado – na ocasião, Suman chegou a ficar preso por três dias.


Neste ano, na segunda fase da Operação Nácar-19, a PF chegou a pedir a prisão do chefe do Executivo, que foi negada. Em contrapartida, a Justiça determinou que ele use tornozeleira eletrônica. O esquema fraudulento seria operacionalizado pelo ex-secretário de Educação, Marcelo Nicolau, que também ficou preso por três dias em 2021, e outros agentes políticos do Município.

Entre os crimes investigados, estão corrupção ativa e passiva, desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro. A Justiça bloqueou quase R$ 110 milhões das contas dos acusados.


Ao negar as prisões preventivas de Suman, Edna, Nicolau e mais cinco investigados, o desembargador federal Nino Toldo, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3), optou por medidas cautelares, como proibição do acesso deles à Prefeitura e o fim da comunicação entre os investigados, exceto no caso de familiares, como Suman e Edna.


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