Moradores trabalham para reerguer o Morrinhos 4 após incêndio em Guarujá

Dez barracos foram atingidos pelas chamas. Habitantes enfrentaram choques e desespero para conter o fogo

Por: Daniel Gois  -  07/11/20  -  20:03

Em meio ao desespero de ver dez barracos consumidos pelas chamas, os moradores do bairro Morrinhos 4, atingido por um incêndio no fim de outubro, em Guarujá, se arriscaram para apagar o fogo, chegando a levar choques em fios elétricos derrubados durante a tragédia. Uma semana após o incidente, o clima é de reconstrução. 


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A barbeira Carla Regina da Silva Vicente, de 31 anos, foi uma das atingidas pelo incidente. Ela e a mãe tinham dois barracos, que foram completamente destruídos pelas chamas. 


“Muita gente tomou choque. Eu tomei choque na hora de jogar água lá. Alguns fios elétricos foram cortados. Os próprios moradores ajudaram a apagar o fogo com baldes de água retirados de uma maré próxima. Sabíamos que não tivemos vítimas, pois todos já tinham saído dali. Foi um desespero. Mesmo assim, todo mundo ajudou a apagar o fogo”, recorda Carla, que agora está em uma residência no bairro Morrinhos 3. 


Segundo a moradora, o incêndio começou em um barraco que fica em frente ao dela e se alastrou rapidamente. Foi necessário que os moradores pegassem baldes de água em uma maré próxima ao bairro para conter as chamas.



Mas, a mesma água que foi amiga também é inimiga, sendo responsável por enchentes nos barracos em dias de chuva extrema. Carol conta que, nas chuvas de março, a água chegou na altura do pescoço, trazendo sérios prejuízos para os moradores naquele momento. 


“Toda vez que chove a maré sobe, então entra água na casa das pessoas. Sempre enche. Já no dia do incêndio tudo foi muito rápido. No meu quintal havia material reciclável, como plástico, então as chamas se alastraram mais ainda. Não deu pra salvar nada direito”, lamenta.


Bairro Morrinhos 4, em Guarujá, após dez barracos serem devastados por incêndio
Bairro Morrinhos 4, em Guarujá, após dez barracos serem devastados por incêndio   Foto: Arquivo pessoal

Recomeço


Desde que as chamas foram contidas, os habitantes do Morrinhos 4 têm se mobilizado para reconstruir o que perderam. “Os moradores estão ajudando, carregando aterro. Aterramos todos os barracos que foram atingidos. Recebemos doações de madeiras. Agora só falta reconstruir", conta Carla. 


Além disso, alimentos e colchões também têm sido arrecadados. O líder comunitário do bairro, Maxi David dos Santos Reis, de 26 anos, destaca que estão servindo almoço para os moradores que perderam os barracos, assim como para as equipes que ajudam voluntariamente nos trabalhos.


Almoço tem sido servido para atingidos pelo incêndio e voluntários
Almoço tem sido servido para atingidos pelo incêndio e voluntários   Foto: Arquivo pessoal

Problemas habitacionais


Segundo a Secretaria de Habitação de Guarujá, a área do Morrinhos 4 atingida pelo incêndio é um “núcleo irregular”, sendo 543 imóveis de remoção e 357 imóveis de consolidação. As unidades de remoção consistem em ocupações de Área de Preservação permanente (APP), junto ao Rio Crumaú.  


Ainda conforme a prefeitura, está prevista a regularização fundiária para o local por meio do Programa Cidade Legal, que está em fase final junto com a Secretaria Estadual de Habitação. Os ocupantes da área de consolidação “serão contemplados com a documentação do imóvel que ocupam”.  


O município tenta obter recursos financeiros junto ao Governo Federal para construir habitações destinadas às famílias que precisam ser removidas.


Habitantes do Morrinhos 4, em Guarujá, recebem doações de colchões após serem atingidos por incêndio
Habitantes do Morrinhos 4, em Guarujá, recebem doações de colchões após serem atingidos por incêndio   Foto: Arquivo pessoal

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