Moradora de Guarujá protesta contra série de crimes em 'praça' da morte: "Uma mãe foi assassinada"
Às vésperas do Dia das Mães, Dulce do Rosário prestou homenagem a mulher morta em tiroteio
Atualizado em 07/05/22 - 08:00
A morte de uma mulher vítima de bala perdida em um tiroteio nesta sexta-feira (6), em Guarujá, foi a gota d’água para uma moradora fazer um protesto contra a violência na Cidade, que foi cenário de diversos crimes recentemente.
Dulce do Rosário, de 60 anos, resolveu homenagear a vítima, ao mesmo tempo em que protestava por mais segurança. “Me tocou ir no local do crime e levar rosas (para a vítima), porque ela não ganhará no Dia das Mães”, diz a mulher, que deixou flores em cima das manchas de sangue da vítima.
Desde que se mudou para o Guarujá há cerca de 50 anos, a aposentada vive no mesmo endereço: a cerca de 100 metros de onde a mulher foi morta. “Eu estou indignada com essa violência. Onde eu moro era tão pacato e hoje em dia a gente só vê noticiário ruim”, desabafa, relembrando da tentativa de assalto a um banco que aconteceu na mesma semana na região central de Vicente de Carvalho.
Em entrevista para A Tribuna, Dulce disse que acordou com o barulho de helicópteros na região. “Fui ver o que era, soube e fiquei muito triste”, explica, dizendo que logo lembrou do Dia das Mães e, ao saber que a vítima era mãe, ficou ainda mais tocada. “Entristece demais saber que a dois dias dessa data de homenagens, uma mãe foi inocentemente assassinada”.
Por isso, a aposentada decidiu comprar flores e levar ao local do crime na tarde do mesmo dia. “Acreditamos nas flores um dia vencendo o canhão. Por isso eu fui lá. Protestei em primeiro lugar, mas também orei, pedi a Deus que a confortasse e confortasse toda família”, enfatiza, dizendo que reservou duas flores para levar ao mesmo local neste domingo (8), quando o Dia das Mães é celebrado.
Fotografada pelo filho Pedro Neto durante a ação, Dulce foi parar nas redes sociais e as imagens da mulher clamando por socorro ao mesmo tempo em que homenageava a vítima repercutiu entre moradores de toda a Baixada Santista.
Para A Tribuna, ela diz que os crimes na cidade geraram na população um sentimento de tristeza que se iguala à indignação. “Um ser humano se foi e vai ficar por isso mesmo. Acho que quem nem viu já sente, imagina a gente vendo aqui perto. Não conhecia e mesmo assim doeu tanto”, enfatiza, dizendo que a sensação que fica é de grande insegurança.
“Somos todos alvos. Estou com medo de sair”, ressalta Dulce, lembrando que, durante a tentativa de assalto ao banco na última quarta-feira (4), ouviu os tiros e chegou a se esconder dentro da própria casa. “Eu e meu filho nos jogamos da cama e fomos para o chão. Já estou tensa sobre aquilo e na sexta acordo com essa novidade”.
Agora, a moradora de Guarujá pede mais policiamento na região e se apoia na fé para viver e sobreviver no município. “Saímos e não sabemos se voltamos, acordamos e não sabemos como vamos terminar o dia. Peço proteção a Deus para Guarujá, São Paulo, Brasil e o mundo todo”, finaliza, dizendo que o maior problema da sociedade é a falta de amor.
Relembre o caso
Uma mulher de 48 anos morreu durante um tiroteio entre criminosos e policiais após um roubo a um mercado em Vicente de Carvalho, em Guarujá.
A Tribuna apurou que a vítima Ana Madrona da Silva atravessava a rua na Praça 14 Bis junto com o marido quando foi atingida pela bala. Ela chegou a ser socorrida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas não resistiu.
Série de crimes
Há dias, Vicente de Carvalho vêm sendo cenário de crimes em Guarujá. Criminosos invadiram uma loja das Casas Bahia dois dias depois de outra quadrilha assaltar o Mc Donald's. Além disso, diversas lojas foram alvos de tentativa de furto ao mesmo tempo em que bandidos invadiram uma agência bancária.
