Horto cultiva plantas medicinais para estudo em Guarujá

Objetivo é saber influência da beira-mar

Por: Da Redação  -  20/12/20  -  23:20
Quinze espécies de ervas medicinais compõem o horto do campus universitário, em Guarujá
Quinze espécies de ervas medicinais compõem o horto do campus universitário, em Guarujá   Foto: Carlos Nogueira/AT

Melissa, menta, cavalinha, maracujá, alecrim, carqueja, guaco, espinheira santa, favacão, chambá, citronela, erva baleeira, equinácea, açafrão-da-terra e zedoaria. 


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Os nomes são populares e geralmente usados em remédios caseiros, chás e infusões, um conhecimento popular que passa de geração para geração. Desde novembro do ano passado, porém, essas ervas foram reunidas em um estudo acadêmico que busca analisar como plantas medicinais se comportam em regiões à beira-mar.


O Horto Medicinal é uma iniciativa da Fundação Fernando Lee e da Unaerp, em seu campus de Guarujá. Mudas dessas ervas foram plantadas no campus da universidade e na Ilha dos Arvoredos, a 1,6 km da Praia de Pernambuco, em Guarujá. A Ilha dos Arvoredos é administrada pela fundação, que também tem a participação da Unaerp.


O plantio contou com o trabalho de estudantes e professores de Enfermagem, Fisioterapia e Medicina, além de pesquisadores da fundação e da universidade. As mesmas espécies também foram introduzidas no Jardim Botânico de Plantas Medicinais Ordem e Progresso, em Jardinópolis, a 22 quilômetros de Ribeirão Preto.


Efeitos climáticos


Ana Maria Soares Pereira é a coordenadora do projeto e membro da comissão de pesquisadores que compõe o Comitê Técnico Temático da Farmacopéia Brasileira, um conjunto de normas que retratam a nomenclatura das substâncias dos medicamentos básicos (princípios ativos e coadjuvantes).


Não é por acaso que as 15 ervas medicinais foram plantadas ao mesmo tempo no campus da Unaerp, na ilha e em Jardinópolis. “Queremos saber qual o efeito das condições climáticas do litoral sobre essas ervas: salinidade, ventos, altitude, calor, umidade”, explica Ana Maria.


Um ano depois, as mudas viraram plantas e agora vem a fase da análise. Amostras de cada espécie são recolhidas dos três espaços e seguem para o laboratório, na Unaerp de Ribeirão Preto.


O pesquisador mestre em Biotecnologia em plantas medicinais Gustavo Henrique Teixeira Pinto estudou a quantificação de ácido rosmarínico, um ativo com propriedades antiinflamatória e antiviral, presente em três espécies do horto: a melissa (Melissa officinalis), o favacão (Ocimum gratissimum) e a erva baleeira (Cordia verbenacea).


“O objetivo foi verificar se as plantas estão produzindo os ativos nessas localidades, para desenvolvimento de medicamentos que sejam eficazes e que tenham segurança. Todas apresentaram o ácido, mas a concentração variou entre as localidades. O resultado foi satisfatório porque mostrou que os locais interferem na produção desses compostos”. Outros resultados devem ser apresentados no futuro, em publicações científicas nacionais e internacionais.


Farmácia viva


Constatada a eficiência, a etapa seguinte é propor a inclusão dessas ervas em fase de produção de medicamentos fitoterápicos no próprio município de Guarujá. O programa Farmácia Viva, do Governo Federal, estimula os municípios a adotarem a fitoterapia nos programas de atenção básica à saúde.


A ideia básica da Farmácia Viva é ter sempre ao alcance das mãos as plantas medicinais indicadas para o tratamento de sintomas e doenças de menor gravidade, como gripe e dor de cabeça. “São medicamentos mais acessíveis à população, e que podem ser produzidos aqui mesmo”, diz Ana Maria. 

 


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