Homem consegue emprego após viver nas ruas e enviar 37 currículos no litoral de SP: 'Não desistam'
Ângelo Hanges mora em abrigo há oito meses e agora luta por um novo lar
Foram oito meses morando nas ruas, um acidente de trabalho e 37 currículos enviados até conseguir um novo emprego. O motorista Ângelo Coleto Hanges, que mora em um abrigo de Guarujá, no litoral de São Paulo, comemora a oportunidade de, aos 59 anos, poder se recolocar no mercado de trabalho. Agora ele luta para conseguir um novo lar.
Nascido no Rio de Janeiro, Ângelo perdeu o emprego em novembro de 2020, em meio à crise provocada pela pandemia de covid-19. Sem ganhos, ele acabou não conseguindo pagar o aluguel de onde morava sozinho, o que resultou em viver nas ruas. Na ocasião, ele residia em Guarujá e não mantinha contato com a família, que é do Rio.
Ângelo está há oito meses na Unidade de Acolhimento José Calherani, no Jardim Boa Esperança, no distrito de Vicente de Carvalho. Antes disso, ele passou o mesmo período morando em situação de rua.
"Minha vida na rua foi um tanto catastrófica, mas não me deixei abater pelas dificuldades. Não vou esquecer isso nunca. Você vive entre ratos, lacraias, viciados (em drogas), bêbados. Foram exatamente oito meses de melancolia e tristeza, onde eu tive que trabalhar com reciclagem, catando latinhas, para poder ter o meu alimento. Eu tinha vergonha de pedir às pessoas", conta o motorista, em conversa com A Tribuna.
Quando estava na rua, Ângelo teve a oportunidade de prestar um serviço de paisagismo em um jardim. Foi quando sofreu um acidente que afetou o nervo ciático (maior nervo do corpo, que vai da coluna lombar até os pés) e teve que ser levado para o Hospital Santo Amaro (HSA), em Guarujá. Na unidade, ele passou por cirurgia e depois foi levado pela assistência social ao abrigo municipal.
Vida nova
Com 30 anos de experiência como motorista, Ângelo não desistiu de conseguir um novo trabalho. Ele conta que, apenas para empresas de Santos, enviou 37 currículos até ser selecionado.
"Percebi que ainda que eu carregue uma bagagem de 30 anos de experiência como motorista, esses currículos bateram dentro das empresas e ficaram em stand-by. Mesmo sem respostas, não desisti dos meus sonhos e desejo de retomar a minha vida profissional", afirma.
Agora empregado, o motorista luta para atingir outro objetivo: o de conseguir um novo lar para morar. Ele acredita que isso já seja possível no fim de agosto. Além disso, Ângelo planeja visitar a mãe e o filho, em Cabo Frio (RJ), no ano que vem.
O motorista também aconselha outras pessoas desempregadas ou em situação de rua a não perderem a fé e a determinação para mudar de vida.
"Não desistam. O principal é ter a fé, procurar acreditar em si próprio e não ficar em stand-by. Por mais pequena que seja a oportunidade, abrace-a, ainda que ela seja simbolizada por uma moeda de 10 centavos. Pegue essa moeda, porque lá na frente você vai precisar dela para inteirar o carimbo para o seu passaporte do sucesso", finaliza.
