Em depoimento, Suman diz que seu patrimônio foi construído com dinheiro fruto de seu trabalho

Prefeito de Guarujá prestou depoimento nesta quinta (11), na Comissão Processante que analisa seu pedido de impeachment

Por: Nathália de Alcantara  -  11/11/21  -  12:00
Atualizado em 11/11/21 - 12:24
 Suman falou sobre a trajetória profissional e negou envolvimento com qualquer atividade ilícita
Suman falou sobre a trajetória profissional e negou envolvimento com qualquer atividade ilícita   Foto: Nathália de Alcantara/AT

Em depoimento à Comissão Processante que analisa o seu pedido de impeachment, na Câmara de Guarujá, o prefeito Válter Suman (PSDB) alegou que todo o seu patrimônio foi construído com dinheiro vindo de seu trabalho como médico. Ele ainda falou, na manhã desta quinta-feira (11), sobre sua trajetória profissional e negou envolvimento com qualquer atividade ilícita.


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O prefeito respondeu às perguntas da Comissão, composta pelos vereadores Fernando Martins dos Santos, o Peitola (MDB), Edmar Lima dos Santos, o Juninho Eroso (PP), e Sirana Bosonkian (PTB).


Sobre os mais de R$ 40 mil encontrados escondidos dentro de caixas de máscaras de proteção facial no gabinete da prefeitura, o prefeito definiu como uma "malvadeza" essa exposição. "A pandemia provocou grande revolução em qualquer serviço público. A Saúde não tem preço, mas tem custo. Tudo teve elevação. Uma simples máscara foi multiplicada em 15 vezes o valor", limitou-se a responder Suman.


O prefeito afirmou ainda que os R$ 70.082 em dinheiro localizados na casa dele pela Polícia Federal foram obtidos por lucros de uma propriedade rural do Interior que estaria, ainda segundo ele, declarada no Imposto de Renda.


A Polícia Federal, no entanto, aponta nas investigações que os valores apreendidos não foram declarados em Imposto de Renda e não condizem com o poder aquisitivo dele.


"São valores lícitos e que correm em inquérito sob segredo de Justiça. Em momento oportuno as provas serão apresentadas", diz o prefeito.


Já sobre as 312 unidades de joias e um relógio Rolex, também apreendidos em sua casa, Suman explica que foram presentes dados ao longo de seu casamento para a esposa, Edna Suman. "Isso muito me entristece, pois são presentes de datas comemorativas, frutos de meu trabalho e para a minha mulher, que é uma grande companheira".


Pró-Vida

O Ministério Público do Estado de São Paulo apontou que haviam indícios de irregularidades no contrato entre a Prefeitura de Guarujá e a Organização Social Pró-Vida, que era responsável pela administração da UPA da Rodoviária e 15 Unidades de Saúde de Família (Usafas).


Sobre o motivo da quebra de contrato não ter acontecido antes, diante de diversos problemas apresentados pela empresa, Suman justificou que o momento da pandemia não seria o ideal para isso, já que poderia comprometer os serviços oferecidos.


"Tudo acontece em uma velocidade intensa durante uma pandemia, mas cobramos para que não faltassem medicamento e assistência. Fizemos isso em uma decisão no momento oportuno e com o ok do Ministério Público. Sou médico há 35 anos e jamais permitiria que qualquer paciente tivesse sua vida colocada em risco", diz.


O caso

Aprisão em flagrante de Suman e do secretário de Educação, Marcelo Nicolau, foi realizada pela Polícia Federal, no dia 15 de outubro, durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão daOperação Nácar, que investiga um esquema de desvio de dinheiro na rede pública de saúde em meio ao enfrentamento da covid-19. As ações aconteceram na casa do prefeito e também do secretário. Nos imóveis ligados a ambos, foi encontrada uma grande quantia em dinheiro.


Toda a investigação ocorreu após uma denúncia apresentada no Ministério Público do Estado de São Paulo.


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