Em busca de 'grandes empreendedores', Guarujá vai revisar Plano Diretor

Instrumento usado para planejar a implantação de políticas para o desenvolvimento urbano, o novo Plano Diretor de Guarujá deve ser enviado à Câmara Municipal no próximo semestre deste ano. Após meses de um estudo minucioso, que contou com a participação de equipes multidisciplinares da Prefeitura e de segmentos da sociedade civil, a Secretaria de Planejamento concluiu a parte diagnóstica, levantando os principais pontos que nortearão as ações futuras dos agentes públicos e privados. A última revisão do Plano Diretor do Município aconteceu em 2013.

“Foi um raio X da Cidade, onde a gente pode detectar os pontos fortes e fracos de Guarujá. A ideia é que nesse prognóstico que está sendo construído, possamos identificar os pontos que serão de fomento à construção civil ou desenvolvimento econômico, tudo que pode gerar emprego e renda pra nossa cidade, respeitando as diretrizes do Plano Diretor”, avalia Polliana Iamonti, secretária de Planejamento de Guarujá.

Destacando a complexidade e a riqueza de informações do relatório, a secretária disse que estão sendo realizadas reuniões técnicas para a construção do prognóstico, para identificar, por exemplo, a questão de cadastro, parcelamento do solo e habitação, áreas que deverão ser atendidas diretamente pelo Plano Diretor.

“O Plano Diretor dá a diretriz principal para que a gente possa fomentar principalmente as áreas de turismo e do desenvolvimento urbano. O que a gente busca dentro desse plano é fomentar esses pontos turísticos, as áreas de desenvolvimento que possam receber grandes empreendedores e fazer essa cidade cada vez melhor”, aponta Iamonti.

Ocupações e mobilidade

Um dos grandes desafios para as cidades brasileiras, as ocupações irregulares foram mapeadas na fase diagnóstica. Foram identificados quase 60 núcleos de áreas de invasão, com maior concentração junto à Serra de Santo Amaro (no sopé e aclive, em ambos lados), e no distrito de Vicente de Carvalho, junto à margem do canal do Estuário de Santos e ao longo das margens do Rio Agari, na Avenida Acaraú.

“O Plano Diretor vai buscar fomentar áreas possíveis pra receber empreendimentos de interesse social. E oferecer a essa população um local adequado pra que eles possam ter uma moradia digna, com a infraestrutura urbana adequada”, disse a secretária, citando a entrega de 517 unidades habitacionais em quatro anos, como exemplo de preocupação da Prefeitura com o tema.

Outra questão importante, a mobilidade urbana deve, em um futuro próximo, ser beneficiada com uma antiga reivindicação da população. “Já estamos em tratativas com a SPA (Santos Port Authority) para tirar do papel a segunda fase da Perimetral. O importante é seccionar esse trânsito, para que a gente possa deixar, de um lado, os usuários locais. E o caminhoneiro fazer o acesso para o Porto de maneira seccionada, para que não acarrete mais o transtorno que é hoje a Rua do Adubo e a região de Vicente de Carvalho”.

Próximos passos

Após a execução da fase prognóstica, o Plano Diretor ficará à disposição da população durante 60 dias para novas contribuições e ajustes. Finalizada esta etapa, vão acontecer quatro audiências públicas, como determina a lei, nas quatro regiões administrativas da Cidade. Posteriormente, o documento final será encaminhado à Câmara Municipal para aprovação dos vereadores.

Apesar do momento político turbulento pelo qual passa o Município, com a discussão, na Câmara, do impeachment do prefeito afastado Válter Suman (PSDB), investigado por suposto desvio de recursos públicos, a secretária estima que o estudo chegue à Casa Legislativa dentro de quatro meses.

“A Cidade é um organismo vivo, ela não pode parar. Independente das questões políticas, a questão técnica tem que avançar, não vejo isso como um empecilho, tanto que as reuniões do Plano Diretor permanecem rotineiramente, a Prefeitura não parou. A parte política tem os seus entraves, mas o que a gente tem que considerar é que com o apoio da sociedade civil organizada, vamos fazer isso de fato acontecer e com bastante sucesso”, afirma Iamonti.

Economia e turismo serão impulsionados

O presidente do Sindicato dos Hotéis, Bares, Restaurantes e Similares da Baixada Santista (SinHoRes), Heitor González, é um entusiasta da revisão do Plano Diretor de Guarujá. Ele elogiou a forma como a Prefeitura tem conduzido o processo e acredita que com planejamento, o segmento que ele representa pode crescer e ajudar a impulsionar a economia da Cidade.

“Fizeram um diagnóstico de tudo o que pode ser contemplado num Plano Diretor e colocado com transparência para a sociedade civil organizada participar, o que nunca foi feito no passado. Guarujá merece e precisa disso, é importante para o comércio, para a hotelaria e ao setor de bares e restaurantes, porque acaba trazendo certas diretrizes necessárias numa cidade e que hoje não existem”, opinou.

González aposta que com um plano bem elaborado, Guarujá pode ganhar não apenas com as temporadas de verão, mas também estimular o turismo em outras épocas do ano, levando mais empresários a investir na Cidade. E cita uma iniciativa que há tempos ele defende como um incentivo à implantação de novos negócios na orla.

“Eu há muito tempo brigo por uma mão dupla na Praia da Enseada e isso faz parte de um Plano Diretor. Geraria mais movimento na região, com a instalação de novos investimentos na orla da praia. Isso pode atrair grandes hotéis de frente para o mar, numa condição mais arrojada e com regras bem definidas, além de grandes bares e restaurantes, o que é importante para a economia da Cidade”, pontuou.

Participação popular

O relatório diagnóstico do Plano Diretor de Guarujá pode ser acessado no site da Prefeiturae está aberto a qualquer cidadão que quiser dar sugestões, fazer críticas ou propor ajustes ao estudo realizado. Os interessados também podem entrar em contato com os responsáveis pelo estudo através do email gt.planodiretor.guaruja@gmail.com ou pelo telefone (13) 3308-7291.