Defesa Civil interdita cinco casas em bairro de Guarujá e vizinhos reclamam: 'Vai morrer mais gente'

Moradores da Barreira do João Guarda não entendem critérios para esvaziamento de residências

Por: Rosana Rife  -  09/03/20  -  16:35
  Foto: Alexsander Ferraz/AT

A Desefa Civil de Guarujá interditou cinco casas até o momento na Rua Uruguai, na Barreira do João Guarda, nas proximidades do local onde 25 pessoas morreram na última terça-feira (3), após os deslizamentos de terra provocado pelas chuvas. Contudo, o número é visto como insuficiente por moradores da via, que estão em situação de risco no sopé do morro, não entendem os critérios para o bloqueio de imóveis e temem outra tragédia. A Prefeitura diz fazer um trabalho técnico.


O órgão municipal tem realizado vistorias diárias nas vias da Barreira. Só que nem isso acalma os ânimos por lá. É o caso de gente como a dona de casa Elizângela do Nascimento dos Santos, de 38 anos. Ela mora a quatro casas do trecho interditado pela Defesa Civil e quer que a residêjcia dela também seja incluída na lista.


Elizângela diz estar à base de calmantes desde a terça-feira passada e a pressão não para de subir. "Já fui atendida pelo Samu. A pressão estava alta. Não paro de tremer. Meu filho é autista, tem 4 anos, está abalado também e regrediu no tratamento. Voltou a fazer xixi na roupa, coisa que não acontecia há tempos. Não temos como morar mais aqui".


Temor


A vendedora Patrícia Mendonça Souza, de 39 anos, é vizinha de Elizângela. Ela não trabalha desde a semana passada e integra a turma de voluntários que não saem da Barreira do João Guarda dia e noite para ajudar nas buscas. Mas tem receio que sua casa também não seja interditada e pede explicações às autoridades.


"Cinco moradias são muito pouco. A gente está no meio de uma região perigosa, com morro no fundo e na lateral. Eles querem interditar somente até 100 metros de onde parou o barranco. Mas não pode ser assim, pois os bombeiros já falaram que, quando chover, esse morro vai continuar descendo. E a gente vai ficar aqui? Vai morrer mais gente desse jeito".


Resposta


O secretário de Defesa e Convivência Social de Guarujá, Luiz Cláudio Venâncio, explica que a Defesa Civil tem feito um trabalho técnico para avaliar a situação das moradias em área de risco. "O Município não tem interesse em deixar ninguém prejudicado. Mas não podemos fazer disso uma indústria de locação social. Precisamos atender quem realmente foi impactado".


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