Câmara de Guarujá começa a discutir o impeachment de Válter Suman; decisão deve ficar para sexta
Vereadores aceitaram o pedido para que o processo, que tem mais de 1.800 páginas, seja lido na íntegra
![Após a leitura do processo, Suman terá direto a falar por 2 horas na Câmara](http://atribuna.inf.br/storage/Cidades/Guarujá/censurado1446794610903.webp)
Em um ambiente bastante agitado dentro e fora da Câmara de Guarujá, os vereadores iniciaram, na noite desta quarta-feira (15), a sessão para definir se acatam, ou não, o pedido de impeachment do prefeito Válter Suman (PSDB) protocolado pelo presidente municipal do PDT, José Manoel Ferreira Gonçalves. A expectativa é que os trabalhos sejam concluídos somente na sexta-feira (17).
Os parlamentares aceitaram o pedido apresentado por Carlos Eduardo Vargas da Silva (PTB) para que o processo, que tem mais de 1.800 páginas, seja lido na íntegra. Na avaliação do presidente da Casa, José Nilton Lima de Oliveira, o Doidão (PSB), essa etapa inicial deve ser concluída em dois dias.
Após ela, cada vereador terá 15 minutos para se manifestar. O autor da denúncia também possuirá esse mesmo tempo para falar em plenário. O prefeito ou seu procurador poderá utilizar até duas horas para se defender publicamente.
Superada essas etapas, ocorrerá a votação nominal. Para o prefeito ser cassado, dois terços do Legislativo, ou seja, 12 dos 17 vereadores terão de ser favoráveis ao pleito apresentado por Gonçalves.
Até o fechamento desta edição, o primeiro secretário do Legislativo, Raphael Vitiello (PSD), já tinha feito a leitura do pleito do presidente do PDT de Guarujá e a decisão da Justiça que autorizou a Polícia Federal a deflagrar a Operação Nácar-19, que ocorreu em 15 de setembro.
A investigação apura eventuais irregularidades relacionadas a organizações sociais e empresas que prestavam serviços na área da saúde e o possível envolvimento do tucano nesses casos.
Suman é suspeito de comandar uma organização criminosa que teria desviado mais de R$ 109 milhões da área da saúde, inclusive verbas federais destinadas ao enfrentamento da covid-19. O prefeito chegou a ser preso em 15 de setembro, mas foi solto três dias depois.
Os advogados do gestor pediram o arquivamento do processo, pois “não há elementos para eventual cassação” e que “não há crime de responsabilidade cometido pelo prefeito”.
Em depoimento à comissão processante, no dia 11 de novembro, Suman garantiu que todo o seu patrimônio foi construído com dinheiro vindo de seu trabalho como médico e negou envolvimento com qualquer atividade ilícita.
O parecer da comissão processante que analisa a solicitação de afastamento do tucano ainda não foi tornado público. Esse colegiado é formado por Fernando Martins dos Santos, o Peitola (MDB - presidente), Edmar Lima dos Santos, o Juninho Eroso (PP - relator), e Sirana Bosonkian (PTB).
Disputa
Do lado de fora, grupos de pessoas levaram cartazes para protestar contra Suman, enquanto outros manifestavam apoio ao tucano. A Mesa Diretora liberou apenas 50% dos assentos das galerias.
Uma das faixas fixadas em plenário trazia a seguinte mensagem: “O trabalho é a melhor resposta! Deixa o prefeito trabalhar”. Outra citava “Válter Suman, sua liberdade pode ser provisória, mas nossa vergonha será eterna!”. Também havia um recado claro aos parlamentares: “Vereadores que apoiam a corrupção não merecem reeleição”.
Agendada para ter início às 19 horas, a sessão começou com atraso de 27 minutos, sob o comando de Doidão. “Agradeço todos os vereadores que compreendam esse momento oportuno para fazer um julgamento de forma célere e responsável para dar uma resposta à sociedade, conforme consta nos autos”, frisou.
Vargas solicitou a leitura de todo o processo. Após os trabalhos terem sido suspensos por 17 minutos, os integrantes da Casa decidiram acatar o pedido do colega. “A leitura demorará dois dias, mas devemos respeitar o rito”, afirmou o presidente.